Olimpíadas de robótica: uma aula a céu aberto – Instituto Federal do Paraná

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Olimpíadas de robótica: uma aula a céu aberto

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“Uma aula a céu aberto.” É assim que o Professor Ezequiel Burkarter, Pró-Reitor de Extensão, Pesquisa e Inovação, define as olimpíadas de robótica.

A versão local do evento, a Olimpíada IFPR de Robótica, teve sua segunda edição realizada entre os meses de maio e junho de 2015 (confira como foram a primeira e a segunda fases). Agora, os Câmpus Cascavel, Irati e Curitiba preparam-se para receber as etapas regional e estadual da competição a nível nacional: a Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR).

A competição tem por objetivo estimular os jovens às carreiras científico-tecnológicas, identificar talentos e promover debates e atualizações no processo de ensino-aprendizagem brasileiro. A OBR possui duas modalidades – a prática e a teórica – que procuram adequar-se tanto ao público que nunca viu robótica quanto ao público de escolas que já têm contato com a robótica educacional.

É notável o crescimento dessa olimpíada, não só localmente. Segundo Marcos Laureano, professor do Câmpus Curitiba e coordenador da OBR, em 2013 havia apenas 18 times em todo o estado do Paraná (nenhum deles do IFPR); já neste ano, há 119 times – sendo 55 do Instituto. “O fato de o IFPR apoiar institucionalmente a OBR foi um marco para a história da difusão da robótica no Paraná”, afirma Laureano, ressaltando que “a OBR permite que o Instituto atinja a sua razão de existir, ao utilizar a robótica como ferramenta educacional interdisciplinar ou auxiliar na formação dos nossos alunos.”

Ezequiel Burkarter lembra que o evento envolve diversos saberes. “A gente brinca com os estudantes que o ambiente se transforma numa grande sala de aula, porque eles têm que mobilizar um conjunto de conceitos, principalmente de física e de matemática, que estudam nos componentes curriculares de seus cursos”, afirma o professor. “Além disso, o desenvolvimento do trabalho em equipe é muito importante, e nós que lidamos com educação profissional precisamos estar atentos a isso. Os estudantes desenvolvem até um espírito empreendedor”, complementa.

A participação dos câmpus e pró-reitorias do IFPR

Para os câmpus, é uma grande satisfação receber o evento. Os Câmpus Cascavel e Irati realizarão as etapas regionais da OBR nos próximos dias 3 e 4 de julho. “A competição estimula o interesse dos estudantes na montagem de robôs, desenvolvendo o trabalho em equipe, o raciocínio lógico e a aplicação de técnicas de programação. O Câmpus Cascavel sente-se honrado em ser parceiro deste importante evento”, afirma o Professor Fernando Alves, de Cascavel. A opinião é corroborada pela Professora Thalita Pimenta, de Irati: “Organizar uma etapa regional da Olimpíada Brasileira de Robótica é uma honra e um desafio para o Câmpus Irati. Seremos anfitriões de mais de 50 equipes, e o evento terá um público de cerca de 300 pessoas das cidades de Ponta Grossa, Curitiba, Carambeí, Telêmaco Borba, Jacarezinho, Ivaiporã e Irati.” Já o Câmpus Curitiba organizará, no dia 25 de julho, a etapa estadual da competição, a qual será realizada nas dependências do Setor de Educação Profissional e Tecnológica da UFPR, havendo outros eventos de robótica em paralelo.

Eventos como esse são estimulados pelo IFPR, principalmente por meio da Pró-Reitoria de Extensão, Pesquisa e Inovação (Proepi) e da Pró-Reitoria de Ensino (Proens). Segundo Laureano, o apoio e dedicação das pró-reitorias têm sido fundamental para o crescimento da robótica dentro do Instituto; antes, havia poucos projetos na área, como iniciativas individuais. “O edital de participação na OBR, da Proepi, e o apoio financeiro aos alunos para estarem presentes no evento, por parte da Proens, têm sido de vital importância. E deve ser destacado que as equipes envolvidas em ambas as pró-reitorias têm dedicado-se de forma extraordinária para que o evento ocorra com sucesso”, ressalta o docente. “Participei de 2 etapas regionais em São Paulo e, em contato com várias equipes e outro profissionais, pude observar que estamos no caminho certo”, complementa.

O Professor Burkarter apresenta um resumo de tudo aquilo que a Olimpíada de Robótica oferece aos nossos estudantes: “De forma sucinta, a OBR propicia o desenvolvimento de espírito de equipe, o estímulo ao empreendedorismo, a autonomia e a integração entre diferentes conceitos da grade curricular dos nossos guris”, conclui.

Entrevista

Confira, na íntegra, a entrevista concedida à Assessoria de Comunicação pelo Pró-Reitor Ezequiel Burkarter:

COM: Professor, nas próximas semanas, ocorrerão as etapas regionais da OBR, em Cascavel, Irati e Curitiba. De uma forma geral, qual a importância dessas olimpíadas para a instituição?
Burkarter: A gente diz que, quando ocorrem as olimpíadas, manifesta-se uma verdadeira aula a céu aberto. A gente brinca com os estudantes que o ambiente se transforma numa sala de aula. Isso ocorre porque eles têm que mobilizar um conjunto de conceitos, principalmente de física e de matemática, que estudam nos componentes curriculares de seus cursos, pra fazer o robozinho ter o melhor desempenho. Além disso, o desenvolvimento do trabalho em equipe é muito importante, e nós que lidamos com educação profissional precisamos estar atentos a isso. Então, o objetivo geral que tem sido estabelecido para as olimpíadas de robótica passa por isto: integrar, de uma maneira mais intensa, o conjunto de ideias, de disciplinas que eles têm na grade curricular do curso por meio desses projetos; é um projeto de integração, que faz com que haja uma maior proximidade entre os estudantes para o desenvolvimento do espírito de equipe. De certa forma, eles desenvolvem até um espírito empreendedor. Eles têm que ter iniciativa de desenvolver o robozinho; não existe esse processo de o professor ficar o tempo todo pegando na mão dele, então ele tem que ter iniciativa, tem que ter proatividade, tem que aprender a gerenciar os conflitos ali na equipe. Por isso que é um trabalho interessante pra sua formação. A olimpíada carrega tudo isso. Mobiliza também os professores; mesmo aquele professor que não está diretamente ligado às olimpíadas acaba participando, principalmente no caso dos professores de matemática e de física, porque esses guris que participam da olimpíada, às vezes a aula termina e ele está lá, esperando o professor. É um guri que tipicamente, ao terminar a aula, iria pra casa, iria jogar videogame, depois iria arrumar um tempo pra estudar. Mas com essa ação da olimpíada, em vez de ir pra casa, ele permanece mais tempo no câmpus. Nós temos relatos de estudantes que pediram pra entrar no câmpus no fim de semana. A olimpíada de robótica acaba carregando esse espírito. De forma sucinta: a OBR propicia o desenvolvimento de espírito de equipe, o estímulo ao empreendedorismo, a autonomia e a integração entre diferentes conceitos da grade curricular dos nossos guris.

COM: Levando em conta esse espírito, pode-se dizer que a olimpíada de robótica contribui para a permanência e o êxito dos estudantes?
Burkarter: Certamente. Uma das questões que a gente observa pedagogicamente é que, muitas vezes, a permanência desse estudante também é viabilizada pelo fato de ele enxergar na instituição, mais especificamente ali no seu espaço, no câmpus, um local agradável pra ele permanecer. É onde ele vê os amigos, onde ele aprende alguma coisa que ele acha interessante. Nesse sentido, a olimpíada de robótica se transforma em um atrativo adicional pra esse estudante. Ele tem um elemento a mais pra refletir, por exemplo, no ato de desistir das aulas. Assim, se porventura ele não está bem numa disciplina, ele encontra na olimpíada de robótica uma motivação adicional. Sem falar, é claro, no fato de que, uma vez que ele começa a mobilizar conceitos, ele se torna um indivíduo mais disciplinado pra estudar, ele se torna um indivíduo mais conectado com aquilo que está acontecendo no câmpus. Então nós entendemos – e eu tenho defendido – que ações como essa têm sim impacto na permanência dos estudantes. É claro, mediante esses argumentos eu também sempre tenho feito a defesa da participação da assistência estudantil nesse tipo de ação, porque realmente contribui, contribui muito para a permanência dos estudantes.

COM: Como foi o apoio da Proepi aos câmpus para a organização das olimpíadas de robótica localmente?
Burkarter: Esse processo de apoio começou historicamente em 2012, quando nós iniciamos um processo de compra de kits para a olimpíada de robótica. Fizemos a compra para que os câmpus tivessem seus primeiros kits e pudessem iniciar as preparações. Desde 2014, nós começamos com um conjunto de editais voltados ao incentivo da robótica. Esses editais são pra organização da olimpíada. Criamos uma bolsa, disponibilizada para os coordenadores das etapas, tanto as etapas locais, que acontecem nos câmpus, quanto as etapas regionais, que são essas que vão acontecer agora. É disponibilizado um recurso financeiro para que se construam as pistas, para que se estabeleçam aqueles insumos básicos pra realização das olimpíadas, além de ter uma equipe aqui na Proepi, ligada à Diretoria de Empreendedorismo Inovador (Dempi), que dá um suporte institucional. Por exemplo, quando há a necessidade da compra de algum item que esteja em ata, nós nos mobilizamos pra facilitar a aquisição desses insumos, principalmente para os câmpus do interior que, às vezes, não possuem lojas na região pra fazer isso; então a gente dá um suporte aqui também. Às vezes alguns câmpus precisam de mais kits, e se não estiver ainda ocorrendo nenhuma compra, a equipe daqui também faz uma interface entre os diferentes câmpus, para que um câmpus possa eventualmente emprestá-los. Ou seja, além de manter essa articulação constante, também fazemos com que os câmpus se conversem para organizar as olimpíadas. Em linhas gerais, o apoio se dá desta forma: tem o apoio financeiro, muito importante, e o apoio logístico institucional, que envolve a integração, o próprio envio de demandas pra Comunicação, e existe também uma interação com a Proens, por meio da Diretoria de Assuntos Estudantis e Atividades Especiais (Daes). Nós também procuramos fazer essa ponte entre as organizações locais da olimpíada e a Proens, para que a assistência estudantil também seja o tempo todo sensibilizada pra dar apoio para o deslocamento dos estudantes que vão para esses eventos. É uma ação que começa aqui, mas que tem uma participação também da Proens.

COM: Você havia citado anteriormente os editais da Proepi voltados ao incentivo da robótica. No caso da Proens, também há editais que podem contribuir para isso?
Burkarter: Isso, há o edital de auxílio a eventos da assistência estudantil, da Proens. É o edital que oferece o apoio para os estudantes se deslocarem das suas regiões até o local de realização do evento. Esse é um apoio fundamental. Não conseguimos ainda dar conta do financiamento completo das olimpíadas com essa bolsa que nós disponibilizamos aos coordenadores. Com essa bolsa que ofertamos, eles compram os insumos, desde o material pra fazer as pistas, até o processo de corte daquelas chapas de madeira de mdf que eles usam. Eventualmente eles também precisam adquirir sensor, principalmente sensor de infravermelho, que é o mecanismo de interação do robozinho com as pistas, e dispositivos como esses são adquiridos com essa bolsa. Mas sem o apoio da assistência estudantil para o deslocamento, a ida dos estudantes para esses eventos regionais seria inviável, então é algo fundamental. Sem falar também que muitos dos coordenadores locais realizam as olimpíadas de robótica mediante a orientação de estudantes por meio de projetos da bolsa Pbis, da Proens. Há estudantes que participam da organização das olimpíadas de robótica a partir da interação com esses projetos, e existem pelo menos dois casos de projetos de extensão ligados à robótica, e a Diretoria de Extensão da Proepi também dá esse apoio. Aí já são professores do Instituto interagindo com a comunidade; há escolas municipais participando, interagindo com a olimpíada de robótica a partir de projetos de extensão desses professores. E esse é outro ponto muito importante. A participação da assistência estudantil tem sido fundamental.

COM: Os coordenadores da OBR aqui no Paraná são todos do IFPR. O que isso representa para a nossa instituição, essa grande participação dos nossos servidores na organização?
Burkarter: Esse é um dado importante, uma vez que a instituição começou a interagir efetivamente com a olimpíada de robótica em 2013. Em outras palavras, em um período de 2 anos, o Instituto já está se transformando numa referência na área de robótica. Quando você observa, por exemplo, as competições do ano passado, que é quando nós passamos a investir de maneira mais intensa nas olimpíadas, já se percebe que os estudantes do IFPR estão sempre entre os primeiros colocados. Então isso apresenta a importância da nossa presença nesse tipo de evento, que já perpassa várias instituições. Isso caracteriza a nossa identidade tecnológica, a nossa identidade enquanto instituição que promove ensino integrado. Nós estamos dando passos no sentido de construir uma imagem do IFPR. E é importante que as pessoas percebam que nós somos uma instituição ligada ao ensino de tecnologia, ligada ao ensino profissional e tecnológico, uma instituição que contém em seu quadro de servidores profissionais bastante capacitados e bastante engajados com essas ações. Então não é só a presença; além da nossa presença, tem o fato de que, em pouco tempo, nos tornamos referência, a ponto de essas etapas regionais estarem sendo organizadas por servidores do IFPR e nas dependências do IFPR. Isso é muito gratificante, porque vai além da ação das pró-reitorias. Os câmpus também, nas suas regiões, se consolidam como promotores da educação profissional e tecnológica. Então a ideia central é: a nossa participação na olimpíada de robótica, assim como o fato de nós termos nos tornado referência na robótica, fortalece ainda mais a nossa identidade tecnológica, a nossa identidade enquanto instituição promotora de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento, inovação.

COM: Você poderia falar um pouquinho sobre a participação dos estudantes na Olimpíada IFPR de Robótica? Foi satisfatória essa participação?
Burkarter: Totalmente. Primeiro porque você percebe neles um engajamento muito grande. Percebe-se que houve um trabalho de estudo bastante grande por parte deles. Se organizaram, as equipes chegaram bastante interessadas no evento. Mas o que a gente percebe é que a etapa de preparação foi muito bem feita. Em relação ao nível, se você pega o escore final, observando a classificação das equipes, percebe que o nível da competição foi bastante elevado. Isso mostra que a etapa de preparação foi muito boa. E o escore deste ano é ainda melhor do que os escores obtidos no ano passado, o que mostra que, independente de, em alguns casos, as equipes terem mudado, tanto o engajamento dos estudantes como o esforço dos professores no trabalho com eles melhorou bastante. Este ano, uma das equipes vencedoras, que ficaram entre as primeiras colocadas, foi uma equipe formada por estudantes do primeiro período de contabilidade. Esse também é um resultado muito legal, porque, em geral, se imagina que esse tipo de projeto esteja muito ligado ao guri da informática, talvez ao da eletrônica, da mecânica, mas ali você percebe estudantes do curso técnico integrado em contabilidade. E esse é um resultado fantástico, porque mostra que a interação com esse meio digital não está restrita a uma área específica. Talvez ele seja um contador, talvez siga outra área, mas ele teve contato com áreas diversas do conhecimento, e isso contribui muito pra formação dele. O que eu percebi da participação dos estudantes, do contato com eles, foi uma satisfação bastante grande. Eles estavam muito animados; se percebe um orgulho em fazerem parte desta instituição. Muitos deles inclusive possuem situação econômica bastante vulnerável, mas ali você tem uma oportunidade. Percebeu-se que aqueles que estavam lá agarraram essa oportunidade. Então você tem um conjunto de percepções: pra cada equipe, pra cada estudante, cada um deles vai ter uma história legal pra contar da robótica. Mas me chamou muito a atenção o fato de não ter só estudantes dessas áreas tecnológicas de informática, de eletrônica, interessados na robótica. Você tem de todas as áreas. E tanto é verdade que tivemos essa equipe premiada do curso de contabilidade. Uma fala muito recorrente entre os participantes é o fato de conseguirem se integrar com estudantes de outros câmpus, e isso também é um fator muito legal. Eles estão na mesma instituição, mas um mora em Curitiba, o outro mora em Londrina, o outro em Jacarezinho, o outro em Irati, e eles se congregam num único evento, conversam, trocam ideias, trocam e-mails, trocam whatsapp. É um momento muito rico, de troca de ideias, de experiências. Ele não aprende só um pouco de programação, um pouco de lógica, um pouco de matemática, de física, de geometria. Mas também um pouco de sociedade, um pouco de convivência. Então a experiência que eles relataram foi nesse sentido. A percepção é esta: a de uma oportunidade riquíssima para a vida deles.]]>

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