Samba de aula colocou estudantes e servidores do IFPR Campo Largo para sambar
Publicado em
No dia 11 de dezembro de 2024 foi realizado o “Samba de aula”, na biblioteca campus Campo Largo do Instituto Federal do Paraná. A atividade foi realizada em celebração ao dia 2 de dezembro, data em que é comemorado o dia “Nacional do Samba”. A data celebrativa foi criada pelo etnólogo negro Edson Carneiro, na esteira do I Congresso Nacional do Samba em 1962, com objetivo exaltar um dos gêneros musicais mais antigos e populares do nosso país.
O “Samba de aula” foi uma atividade cultural, pedagógica, histórica e musical que contou com a participação de sambistas curitibanos de renome como: Márcio Mania (cavaco e vocal), Cezinha (tan tan) e Macarrão (pandeiro). E também teve a contribuição do servidor e músico do campus, Thannes (saxfone), nosso querido maestro. Os músicos foram fundamentais para o enriquecimento da atividade, em que foram interpretados sambas clássicos como: “Pelo Telefone” (primeiro samba), “Carinhoso” (chorinho de Pixinguinha), “Com que roupa” (Noel Rosa), entre muitas outras. E como não pode ter samba sem comida, os participantes provaram um delicioso caldinho de feijão, especialmente preparado pela servidora Andréia.
O “Samba de aula” contou a história do samba e do Brasil, ministrada pelo professor Jorge Santana junto com os músicos e teve como participantes estudantes do Ensino Médio Integrado em Agroecologia e Automação e de servidores docentes e técnicos administrativos. Dessa forma, a aula abordou desde o nascimento do gênero musical até os anos 1980, com advento do Fundo de Quintal. O samba surgiu no início do século XX, na região central do Rio de Janeiro, um ritmo musical que bebeu nas tradições musicais trazidas para cá pelos escravizados. E também teve influência de gêneros europeus e novos instrumentos. Portanto, é na Pequena África (região portuário do Rio) que esse ritmo ganhou forma, tendo a santíssima trindade do samba: Pixinguinha, Donga e João da Baiana.
Mas os primeiros anos do samba foi de grande dificuldade, pois por ser um ritmo negro, o samba foi alvo de racismo, intensa perseguição e criminalização pelas autoridades. Muitos sambistas foram presos ou tiveram seus instrumentos apreendidos. Na década de 1930 o samba conquistou de vez parte da classe dominante e o presidente Getúlio Vargas. Esse é o período em que surgiram os bambas da região Estácio, responsáveis por promover mudanças no samba, criando o “samba de sambar” e também a primeira escola de samba “Deixa Falar”.
No período da Ditadura Militar (1964-1985) o samba também foi perseguido pela censura e pelos órgãos de repressão. Muitos sambistas tiveram suas letras censuradas, como o grande sambista paulista, Adoniran Barbosa. E as escolas de samba que faziam sambas denunciando o racismo ou falando em liberdade também foram vítimas do Estado nos anos de chumbo. Entretanto, é um período em que surgiram grandes sambistas: Martinho da Vila, Leci Brandão, Jovelina Pérola Negra, Dona Ivone Lara, entre outros.
Na década de 1980, sambistas do subúrbio carioca, que se reuniam em Ramos, fizeram uma nova revolução com a criação de novos instrumentos musicais e de uma nova versão melódica do samba. O grupo “Fundo de Quintal” marcou época e suas influências estão presentes até hoje. Aproveitando um verso de Caetano Veloso “Desde que o samba é samba é assim”, o samba foi perseguido, mas resistiu, reexistiu e se expandiu ganhando multidões. O “Samba de aula” foi uma atividade que reafirmou a qualidade da música em ser um instrumento potente no processo de ensino e aprendizagem. Viva o Samba!