A programação da sétima edição do Se²pin chegou no seu último dia (19) com a realização de duas palestras e de 18 sessões temáticas. Apesar dos assuntos serem muito variados, houve uma prevalência de proposições que traziam discussões sobre a mulher e a representatividade feminina (gênero), inclusão e direitos humanos. Entretanto, o cinema e o cálculo também foram temas.
A sessão temática “Libertação feminina – Roupas que revelam”, ministrada pela professora Julyana Biavatti, do Campus Avançado Goioerê, questionou padrões estéticos que levam à não-aceitação da mulher que não se enquadra nos padrões vigentes. “Não trago uma fórmula pronta que conduza à auto-aceitação, na verdade, o que queremos discutir é que não existe um ‘certo e errado’ na moda, o que se deve vestir. Temos uma dificuldade muito grande de nos aceitar porque existem comportamentos que nos foram impostos desde a infância e o que devemos fazer é questionar esses padrões e sermos livres para fazermos nossas escolhas”, conclui a professora.
Para falar sobre os arquétipos femininos presentes nos desenhos animados e como eles vêm sendo desconstruídos em produções recentes, o Campus Avançado Astorga trouxe a sessão “O espaço da mulher e os desenhos animados com possibilidades de desconstrução e reconstrução de estereótipos”, ministrada pela Beatriz Resende. Na dinâmica, ela apresentou personagens como “Moana”, “Mulan” e “Fiona” que romperam com os arquétipos clássicos da “donzela” e da “grande mãe”, representados por personagens como a “Branca de Neve”.
A estudante Emilly Gomes, do Campus Cascavel, participou de uma das oficinas que discutiu o protagonismo da mulher e acredita que, especialmente na pesquisa, a mulher ainda não é tão vista em relação aos homens e “é muito necessário falar disso. A gente não pode esconder o que a mulher sofre. Precisamos lutar por nossos direitos”.
Racismo não é piada
Na sessão temática “A construção do pensamento racial do Brasil entre as dores e a resistência da mulher negra”, ministrada pela professora Josiane Barbosa Gouvêa, do Campus Umuarama começou contextualizando a origem do racismo a partir da história do Brasil, com destaque para os discursos que não apenas reproduzem como naturalizam práticas de discriminação racial. Com argumentos e provocações, Josiane lembrou o silenciamento da resistência negra na história – os negros foram apresentados como passivos diante da escravidão; e o mito da “democracia racial” brasileira – que atrasou um debate consistente sobre a raça e identidade, assim como impediu a constituição de um discurso de integração e de respeito ao diverso e que não é “padrão”, como o cabelo crespo, nariz achatado e outros elementos nitidamente do fenótipo da raça negra. “Discutir as relações sociais é essencial diante do contexto histórico do qual nós somos fruto e que nos silenciou a vida toda, e que faz com que muitas vezes a gente imagine que a nossa luta não é legítima, que é uma questão ultrapassada ou que deve ser silenciada e não dita”, declara Josiane. Ela lembra a importância de debater estes temas no Se²pin: “falar sobre isso em uma instituição de ensino é muito importante. Nossos alunos precisam olhar para isso com honestidade, não só os alunos e alunas negras, mas todos, a partir do seu lugar de fala, analisar e se posicionar. É preciso resistir, nossos alunos precisam entender que racismo não é piada”, declara a docente.
Outra temática abordada foi a Educação em Direitos Humanos, com participação de César de Oliveira Gomes, que atua na Defensoria Pública da União em Canoas (RS). “O contexto de mundo globalizado, de fluxos migratórios intensos e em que diversas culturas estão convivendo em curto espaço territorial exige a discussão sobre Direitos Humanos. Isso revela a nossa necessidade em debater diversidade, mas também constitui um instrumento forte de acirramento de intolerância e preconceito. Por isso esse espaço no ambiente estudantil para discutir educação e direitos humanos é prioritário e essencial para a formação como ‘seres’ humanos”, enfatiza.
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