Semana Pedagógica

Servidores do Campus Colombo fazem “Linha Preta” na semana pedagógica.

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Equipes do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (NEABI) e do Núcleo de Arte e Cultura (NAC) do IFPR Campus Colombo propuseram a atividade

No dia 27/07/23, servidores do IFPR – Campus Colombo (técnicos e docentes) tiveram a oportunidade de fazer uma Formação Pedagógica diferente: a Linha Preta. Trata-se de um circuito percorrido a pé pelo Centro de Curitiba guiada pelos pesquisadores do Centro Cultural Humaitá – Mestre Kandiero e Melissa Reinehr que recontam a história paranaense por meio de uma narrativa que visibiliza a presença do povo negro na construção do nosso Estado.

Foram visitados os principais pontos que marcam a presença negra no centro da cidade, tais como: a Igreja do Rosário (Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito); o Pelourinho; as árvores sagradas das religiões de matriz africana na Praça Tiradentes, entre outros. Apesar da importância cultural e tecnológica negra para a construção da paisagem de Curitiba e das cidades da região metropolitana, essa presença foi historicamente invisibilizada por um discurso eugenista que se perpetua até os dias atuais. A história oficial, por meio de livros, monumentos e espaços culturais, a exemplo do Memorial de Curitiba, mostram justamente o oposto: o apagamento da presença negra e a ideia de mostrar o Paraná como um Estado feito pelos imigrantes europeus. E quando os negros são retratados há uma tendência ao embranquecimento das personagens históricas ou à hipersensualização dos corpos negros, resultando no apagamento das contribuições tecnológicas e culturais que eles trouxeram ao Brasil.

Durante o trajeto, foi discutida a necessidade que negros e negras sejam lembrados não pela sua força física como escravizados, mas como pessoas possuidoras de uma cultura específica, detentoras de conhecimentos e tecnologias que trouxeram da África e que possibilitaram a construção das cidades paranaenses. Muitos povos africanos eram exímios na arte do metal e na construção com pedras (taipa), por exemplo. Além disso, muitas personalidades importantes da região eram afrodescendentes, como a engenheira Enedina Alves Marques. 

Para o corpo docente, conhecer mais sobre esses aspectos foi uma oportunidade para a prática da reflexão crítica e um apoio para o desenvolvimento de estratégias em sala de aula que prezem por uma educação anti-racista, na qual se oportunize o ensino de uma História que precisa ser recontada aos estudantes, pois assim poderão conhecer figuras negras importantes da história paranaense e as tecnologias e contribuições dessas pessoas até então apagadas das narrativas oficiais.

Fazer a Linha Preta foi uma atividade formativa emocionante e tornou-se uma ação imprescindível para que os educadores e educadoras garantam na sua prática de trabalho o cumprimento da lei 10.639/03, que dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino da História e Cultura Afro-Brasileira em todo o currículo escolar. Pensando nisso, as equipes do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (NEABI) e do Núcleo de Arte e Cultura (NAC) do IFPR Campus Colombo propuseram a atividade formativa que foi oportunizada pelas direções de Ensino e Administrativa.

No final da atividade formativa, foi perceptível o envolvimento dos servidores presentes que saíram com perspectivas diferentes acerca da história do Estado em que moram. Conhecer a História da população negra é provocar um olhar crítico para a própria história, proporcionando a quebra de paradigmas e de visões estereotipadas sobre a identidade paranaense.

(fotos: Fábio de Matos)