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Estudantes do segundo ano do curso Técnico em Serviços Jurídicos do Campus Palmas, acompanhados da professora Magda Salete Vicini e da servidora técnico administrativa Maisa de Proença Pereira, visitaram a XII Mostra da Cultura Indígena Kaingang, realizada na Escola Kaingang, em Palmas. A mostra teve início no dia da visita e prossegue até quinta-feira (20), conta com exposição de fotos e comidas típicas, ervas medicinais, apresentações de dança, canto, músicas e outras manifestações da etnia. A mostra também permite a participação e a integração com as instituições de ensino de Palmas, que podem realizar apresentações durante a programação do evento.
A professora Magda explica que a visita teve como objetivo promover a vivência estética de alguns dos conteúdos aprendidos em sala de aula. “A disciplina de artes abordou as culturas tradicionais do Paraná, como a dos índios e dos quilombolas, conceituando-os culturalmente desde a sua arte nas linguagens da música, dança, artesanato, ressaltando a distinção da arte e a cosmologia vivida pelos Kaingang: a divisão Kamé e Kairu”, explica. “A visita permite dar significado e levar esse conhecimento a outras experiências na vida dos estudantes”, complementa.
Visibilidade e integração
Para o cacique Claudimiro André, essa época é muito aguardada, pois a aldeia recebe a população. “Eles podem conhecer cada detalhe da cultura indígena e, principalmente, podemos nos aproximar deles, pois ainda existe o preconceito”, afirma.
Segundo o artesão João Borges, um dos líderes da aldeia, a mostra é uma grande oportunidade para mostrarem os seus trabalhos, promoverem a venda dos artesanatos e principalmente serem vistos pela população. Ele comenta que esse momento é aguardado durante o ano todo, porque é nesse dia que eles são lembrados e aparecem em fotos, jornais e na mídia local.
A estudante Ana Julia Terual Giacomet conversou com o artesão, que contou a história do filtro dos sonhos do amor: “na tribo Kaingang, as metades Kairu e Kamé só podiam casar entre si. Um certo dia, um rapaz Kairu se apaixonou por uma moça Kamé, ficaram um tempo junto, mas por conta da discriminação e preconceito acabaram por se separar. Porém, esse rapaz não queria a separação da moça por quem era apaixonado. Quando os Kaingang queriam que suas preces fossem atendidas, iam, ao amanhecer, à floresta, onde sempre havia teias de aranha amanhecidas, assopravam a teia e faziam o seu pedido para ficar junto à sua amada. Assim, o índio apaixonado fez esse ritual e voltou para a sua tribo, ao retornar ele encontrou com a índia e a partir daí ficaram juntos por toda a sua vida, surgindo assim o filtro dos sonhos”, explica João. A estudante comprou um filtro dos sonhos do Sr. João Borges e ficou muito feliz com a história que ele contou. “Vou pendurá-lo no teto para ficar bem rente à minha cama e filtrar seus maiores sonhos”, revela.
Para o estudante Luiz Henrique da Rocha, a visita foi “diferente, com várias apresentações que me deixaram em contato com uma cultura que eu não conhecia, os artesanatos e a língua nativa chamaram muito a minha atenção. A arquitetura das casas e a organização da aldeia são incríveis”. Já a estudante Alana Machado de Moraes comenta o que chamou sua atenção. “Adorei as roupas do desfile, a língua Kaingang falada durante o desfile, a roupa bem caracterizada e a pintura corporal”, afirma.
Muitos dos estudantes do IFPR se surpreenderam ao notar que o hobby favorito dos jovens da aldeia é escutar música sertaneja e utilizar tecnologias, como a internet e o celular, além da rotina dos índios, semelhante à dos jovens da cidade. “É importante que a partir da Educação aconteça a conscientização de que o índio hoje acompanha a transformação da sociedade na qual ele vive e está inserido. A população indígena também está envolvida com a evolução tecnológica”, afirma a professora Magda.
A estudante Rafaela Tesserolli Ribeiro achou os índios tímidos, chamou a atenção da acadêmica as características faciais deles e a organização da escola. “A visita é importante pra quebrar o preconceito e a distância”, reflete. Para a estudante Bárbara Stefany Andrade, a visita proporciona o conhecimento de todas as mudanças que aconteceram na vida e na cultura dos índios, desde a colonização, e complementa que notou o amor em tudo o que eles fazem e principalmente o amor pela sua cultura.
“Essa aproximação é necessária porque nós estamos no território deles, ou seja, a colonização de Palmas precisa ser compreendida a partir dos seus primeiros habitantes – posteriormente vieram os tropeiros, bandeirantes, escravos, europeus, libaneses e japoneses. O IFPR em Palmas, como órgão educacional, pretende agregar o conhecimento científico ao conhecimento tradicional, fortalecendo cotidianamente as relações culturais da comunidade na qual está inserido”, afirma a professora Magda Salete Vicini.
Na página do Campus Palmas no Facebook, você pode conferir as fotografias da visita.