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O Dia Internacional das Trabalhadoras e dos Trabalhadores, comemorado no Brasil e em muitos outros países em 1º de maio, é uma data histórica, marcada como símbolo da luta dos trabalhadores por melhores condições de trabalho e de vida.
Estados Unidos, século XIX. Os movimentos dos trabalhadores por melhores condições ganhavam força. As extenuantes jornadas de trabalho de treze horas diárias submetiam os operários das fábricas e demais trabalhadores a uma rotina que abreviava e muito suas vidas laborais e que acarretava inúmeros problemas de saúde.
Diversos protestos, então, tomavam forma por todo o território americano. Um deles, entretanto, marcado para 1º de maio de 1886, tornou-se o símbolo da luta e da resistência da classe trabalhadora.
Nessa data, cerca 80 mil trabalhadores de Chicago cruzaram os braços para protestar a favor da redução na jornada de trabalho. Embora este fosse um dia de conscientização e de celebração, os eventos ocorridos nos dias seguintes desencadearam uma série de ações violentas e mortais.
Em 03 de maio, durante um confronto entre trabalhadores paralisados e temporários contratados para furar a greve, a polícia local atirou contra a multidão, provocando a morte de um trabalhador e ferindo vários outros.
No dia seguinte, em 04 de maio, cerca de dois mil trabalhadores se reuniram na Praça Haymarket para protestar contra a morte do colega no dia anterior e contra a brutalidade da repressão às manifestações, até então, relativamente pacíficas. Um efetivo de cerca de 200 policiais também foi deslocado para a praça, a fim de conter os manifestantes caso fosse necessário.
Quando restavam pouco mais de trezentos manifestantes na praça e com os ânimos já alterados entre estes e os policiais, uma bomba foi arremessada contra a barricada da polícia, acarretando a morte de sete policiais e de oito manifestantes.
Esse evento desencadeou uma reação violentíssima por parte dos agentes da lei, que abriram fogo indiscriminadamente contra os manifestantes, levando muitos à morte e prendendo outros tantos. O evento ficou conhecido como The Haymarket Square Riot ou O Massacre da Praça Haymarket.
Não bastassem as mortes e as prisões dos manifestantes, o massacre na Praça Haymarket desencadeou também uma forte onda de xenofobia na cidade de Chicago, uma vez que boa parte dos trabalhadores amotinados era composta por cidadãos estrangeiros que buscavam por melhores condições de vida em uma América em franco crescimento no final do século XIX.
Ainda como resultado do conflito, a justiça condenou à morte sete manifestantes supostamente responsabilizados por arremessarem a bomba contra os policiais. Destes, três foram executados, um cometeu suicídio no dia anterior a execução e os demais tiveram suas penas convertidas em prisão perpétua e anistiadas mais tarde, em 1893, pelo governador de Illinois.
Somente três anos após o massacre, em 1889, durante a Segunda Internacional Socialista, em Paris, é que a data de 1º de maio foi definida como Dia Internacional dos Trabalhadores.
Situações violentas envolvendo o 1º de maio ainda ocorreram na França nos anos de 1891, quando trabalhadores têxteis em protesto pela redução da jornada de trabalho, incluindo mulheres e uma criança, foram massacrados pelo exército francês; e em 1906, com uma manifestação em Paris sendo também duramente reprimida.
A França finalmente concedeu a redução da jornada de trabalho para 8h em 1919, proclamando o 1º de maio como feriado nacional.
Por aqui, a data de 1º de maio tornou-se feriado em 1924, sob o governo de Artur Bernardes, e foi reflexo das lutas dos trabalhadores europeus no fim do século XIX e que se iniciaram também por aqui nos primeiros anos do século XX, fomentadas principalmente por operários oriundos do Velho Continente. Essa crescente no discurso por melhores condições de trabalho culminou na primeira grande greve de que se tem notícia no país, em 1917, em São Paulo, quando cerca de 70 mil trabalhadores cruzaram os braços.
Com o advento do Estado Novo de Vargas no Brasil, a concepção de Dia do Trabalhador acabou se transformando em Dia do Trabalho. Vargas, ao publicar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943, transformou, aos poucos, a data que era alusiva à luta dos trabalhadores por melhores condições laborais e de vida em uma data cívica de enaltecimento às garantias trabalhistas. Assim, o dia que era marcado por discursos em prol do trabalhador foi sofrendo um deslizamento de sentido discursivo, com os efeitos sendo direcionados para o trabalho em si e causando um apagamento da figura do sujeito histórico caracterizado pelo trabalhador.
Hoje, movimentos sindicais e entidades de trabalhadores lutam para resgatar a memória do discurso original, em que o 1º de maio é a data de celebração e de conscientização da luta das e dos trabalhadores e não dos efeitos e benefícios concedidos a partir do trabalho.
O 1º de maio tornou-se parte do calendário oficial de feriados nacionais a partir da Lei nº10.607, de 19 de dezembro de 2002, que determina os feriados oficiais do Brasil. Somam-se a esta data 1° de Janeiro, 21 de abril, 7 de setembro, 2 de novembro, 15 de novembro e 25 de dezembro.
Atualmente cerca de 175 países celebram o 1º de Maio como data cívica em memória e respeito aos trabalhadores e suas lutas por melhores condições de trabalho.
O Instituto Federal do Paraná saúda trabalhadoras e trabalhadores de todo o Brasil, que sempre buscam melhorias em suas condições de trabalho e de vida, e ressalta que, em situações excepcionais como as vividas em uma greve, esses valores essenciais à dignidade das e dos trabalhadores em Educação precisam ser exaltados, exigidos e respeitados.