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Trabalhar a formação humanística de professores e estudantes através de atividades pedagógicas será uma das prioridades do Instituto Federal do Paraná. Para isso o reitor, Alipio Leal, recebeu o professor Breno Bellintani Guardia, um dos coordenadores do eixo pedagógico Interações Culturais Humanísticas (ICH) da UFPR Litoral. “Queremos que a integração cultural e o desenvolvimento pessoal façam parte do processo de formação dos nossos alunos”, afirma Alipio Leal.
Criadas há cinco anos na UFPR Litoral, as ICH são atividades formativas voltadas para o conhecimento e envolvimento do ser humano com suas características fundamentais: liberdade, autonomia, protagonismo e diversidade cultural, entre outras. “Sabemos que as pessoas são diferentes e os modelos de educação estabelecidos priorizam formação profissional descontextualizada de humanização. Nossa proposta é orientar os estudantes a conhecerem e exercerem a plenitude de suas faculdades humanas, com liberdade criativa e como protagonistas das ações pessoais e profissionais de suas vidas”, complementa o professor Breno.
A proposta foi estabelecer a participação nas ICH como parte da formação acadêmica e profissional. Por isso pelo menos 20% da carga horária curricular é voltada para estas atividades. Os alunos podem escolher o turno e decidir os assuntos em que vão participar. “Por isso vemos estudantes de diferentes idades, semestres e cursos discutindo juntos sobre sociedade, mídia, artes, educação e outros temas propostos nas reuniões.” Os resultados, de acordo com o professor, são visíveis. “Há mudança de atitude nos alunos. Eles se tornam mais participativos, mais criativos, autônomos e passam a conhecer melhor sua condição de ser humano e a avaliar a própria instituição. A consciência adquirida dá a eles uma postura mais madura e crítica frente às questões sociais e profissionais”, avalia.
A fundamentação teórica das ICH foi inicialmente baseada na pedagogia da autonomia proposta por Paulo Freire. “Ainda assim não há um modelo totalmente pronto, pois este espaço está em constante reavaliação e seu crescimento é participativo.”
Formado em Biologia com pós-graduações em neurociências, o professor Breno enxergou nas ICH a possibilidade de empreender formação humanística integrada a formação profissionalizante em qualquer área. A diversidade, flexibilidade e o “movimento” são essenciais para que o processo aconteça e os papéis dos envolvidos nas ICH (estudantes, professores e técnicos) se redefinem de forma participativa e voluntária. As pessoas da comunidade “não-acadêmica” também podem participar, se quiserem, fortalecendo o vínculo que cada instituição de educação precisa ter com a comunidade de seu entorno e região.
No IFPR, as ICH poderão preencher uma lacuna, pois hoje a instituição é considerada centro de excelência em profissionalização, mas não trata das questões humanas. “Queremos conosco alunos e professores completos, que tenham consciência da sua liberdade de expressão, da sua atuação como sujeitos de sua própria história e agentes transformadores da sociedade ”, completa Alipio Leal.