A tecnologia aliada à inclusão: estudantes do Campus Telêmaco Borba desenvolvem triciclo para cadeirantes
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Ajudar, por meio da tecnologia, um amigo com dificuldade de locomoção. Foi a partir dessa ideia que o estudante Daniel dos Santos, do Campus Telêmaco Borba, decidiu reunir colegas de aula para desenvolver um audacioso projeto: um triciclo para cadeirantes.
“Foi uma satisfação poder desenvolver um trabalho desses e ajudar a vida de um amigo”, afirma Daniel, do Curso Técnico em Eletromecânica Subsequente ao Ensino Médio. “Durante o processo de fabricação, o aprendizado que tivemos foi muito grande. Pude conhecer mais sobre partes mecânicas e elétricas que não havia vivenciado”, reforça o aluno.
Daniel, juntamente com os colegas de curso Renato Rodrigues, Wellington Costa, Júlio Fernando e Rosnei Victor Santos, foram orientados pelo professor Márcio José Kloster. Márcio comenta que, além de a iniciativa ter partido dos discentes, foram eles mesmos que adquiriram o material para que o veículo pudesse ser construído, o que custou em torno de R$3.500,00 – a maioria das peças foi produzida pelos próprios estudantes. O projeto foi posto em prática no final de 2015, principalmente durante o período de férias, quando puderam se dedicar integralmente a ele. A ideia é apresentá-lo e defendê-lo como Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), em fevereiro deste ano.
No veículo criado pelos discentes do IFPR, o usuário utiliza uma rampa para poder subir com sua cadeira de rodas, trava-a como medida de segurança e se locomove utilizando apenas as mãos. Ficou curioso para vê-lo? O resultado está disponível no Facebook, que, em apenas 4 dias após a publicação (no dia 24 de janeiro de 2016), possuía mais de 82 mil visualizações e aproximadamente 2.500 compartilhamentos por todo o Brasil. Hoje, o vídeo já conta com mais de 234 mil visualizações e quase 6.500 compartilhamentos. Recentemente, a prefeitura de Telêmaco Borba, ao saber do projeto, fez a doação de pneus novinhos, para substituir os já gastos que haviam sido adquiridos pelos alunos.
“O Daniel, mentor do projeto, via as dificuldades do amigo cadeirante, que muitas vezes tinha de esperar durante mais de 1 hora por um ônibus adaptado. Às vezes, esse ônibus já estava ocupado por uma pessoa com deficiência, então era mais 1h esperando o próximo. Sem falar nas ruas da cidade, com muitas subidas e descidas, o que dificulta ainda mais para uma pessoa que necessita de cadeira de rodas”, explica Márcio. O docente ressalta ainda o grande impacto social do trabalho, ligado diretamente à inclusão das pessoas com deficiência. “Ter a oportunidade de participar dessa iniciativa é uma realização tanto pessoal quanto profissional. O professor é uma ponte entre o conhecimento e o aluno, e o impacto na questão social provocado por este projeto demonstra a competência das pessoas que estamos formando no IFPR”, acrescenta.
Os estudantes envolvidos concordam que o aprendizado adquirido faz a diferença. “Com o intuito de ajudar o próximo, desenvolvemos atividades práticas e adquirimos conhecimentos técnicos diferenciados”, pontua Renato. Rosnei também enfatiza o caráter social da ação, acrescentando que o trabalho em grupo foi um fator determinante para seu sucesso.
De acordo com Márcio, o projeto é a materialização da missão do IFPR. “É um projeto local, tecnológico, inclusivo, que engloba todo o conhecimento, toda a bagagem que os estudantes adquirem aqui no Instituto. Temos alunos diferenciados, que fazem a diferença”, conclui o professor.