Projeto do Campus Capanema propõe novas aplicações do açúcar mascavo na produção de alimentos
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Um dos projetos de pesquisa desenvolvidos pelo Campus Capanema tem buscado a valorização de um importante produto regional: o açúcar mascavo. Por meio do trabalho intitulado “Desenvolvimento de paçoca a base de açúcar mascavo produzido em Capanema-PR”, a professora Eliane May de Lima e sua equipe têm buscado utilizar o ingrediente em receitas diferentes receitas da paçoca. O objetivo do estudo é favorecer a pequena agricultura local, proporcionando novas fontes de renda para as famílias no campo; além de desenvolver uma fórmula mais saudável e comercialmente acessível do típico doce brasileiro.
“A ideia de utilizarmos o açúcar mascavo na formulação da paçoca dialoga com o fato de que, nos últimos anos, as agroindústrias locais tem se reorganizado para oferecer uma diversidade maior de produtos, agregando um maior valor ao açúcar produzido na região”, explica a professora responsável por coordenar o projeto. Ao total, a equipe desenvolveu três receitas de paçoca à base de açúcar mascavo.
Em setembro, as fórmulas desenvolvidas no Campus Capanema foram submetidas para análise sensorial (degustação). Cerca de 70 pessoas participaram do experimento, entre servidores, estudantes e membros da comunidade local. Os resultados apontam que a paçoca de açúcar mascavo foi amplamente apreciada e considerada como tendo características tão boas quanto ou superiores às da paçoca de açúcar branco. A maioria dos provadores revelou intenção de compra caso o doce estivesse disponível no mercado.
Tomaram parte no projeto o professor de zootecnia Carlos Alberto Fugita, a técnica Danieli Bressan, e a aluna do curso Técnico em Cooperativismo Jeicieli Porsch. De acordo com a estudante, o projeto contribuiu com seu interesse pela área científica. “A prática em laboratório foi uma oportunidade única. Com as análises, aprendi quais são os instrumentos e estratégias necessários para obter dados quantitativos confiáveis”, explica.
As paçocas agora seguem para uma análise de qualidade nutricional, a qual será realizada por meio de uma parceria com o Departamento de Nutrição da Universidade Federal da Fronteira Sul – Campus Realeza. Em seguida, será realizada uma análise mineral do conteúdo das receitas, a partir de um acordo com a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Com a conclusão dos testes, salienta a professora Eliane, o objetivo é publicar os resultados do projeto em revistas científicas, bem como, apresentá-los à comunidade local. “Gostaríamos de levar o projeto até a Feira do Melado de 2020, a fim de divulgar as possibilidades que a paçoca de açúcar mascavo pode oferecer aos produtores da região. Assim podemos também ampliar os vínculos do Campus Capanema com a comunidade local”, conclui a professora Eliane.
A produção açucareira em Capanema
No artigo “Desenvolvimento local e agricultura familiar: o caso da produção de açúcar mascavo em Capanema – Paraná”, os autores Mariza Zeni de Castro Tomasetto, Jandir Ferrera de Lima e Pery Francisco Assis Shikida destacam a importância do produto para a região. De acordo com os autores, a produção de cana-de-açúcar e a agroindústria do açúcar mascavo é uma importante atividade econômica da região sudoeste do Paraná desde 1995, quando a Coordenação Regional de Associações passou a incentivar a comercialização do produto na região. Em 1990, ocorreu em Capanema a primeira edição da Feira do melado, a qual se caracterizou, posteriormente, como um evento bianual cujo objetivo é divulgar o trabalho realizado no campo e incentivar o consumo dos produtos derivados do açúcar e melado produzidos em Capanema, gerando renda extra às famílias de pequenos agricultores locais.
Texto: Celso Fernando Claro de Oliveira
Fotografias: Equipe do projeto