PARTICIPAÇÃO EM COMEMORAÇÕES MUNICIPAIS ALUSIVAS AO BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL – Campus Capanema

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PARTICIPAÇÃO EM COMEMORAÇÕES MUNICIPAIS ALUSIVAS AO BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

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Dando início as comemorações da Semana da Pátria, no Município de Capanema, Paraná, em que instituições de ensino e entidades do comércio local, bem como, a população em geral, são convidados a irem até a Prefeitura, ao lado da Praça dos Pioneiros, para presenciar o hasteamento da bandeira nacional em honra e respeito a independência do Brasil, é também o momento em que atividades socioculturais desenvolvidas pelas escolas e que fazem referência a data comemorativa, são compartilhadas por meio de apresentações.

Neste ano IFPR Campus Capanema, no dia 05 de setembro, marcou sua participação com a leitura de um texto, produzido por alunos integrantes do projeto de ensino “Análise de Fontes no Ensino de História do Brasil”.

Vale ressaltar que o trabalho desenvolvido, foi produzido para a Olimpíada Nacional de História de 2022, promovida pela Unicamp – Universidade Estadual de Campinas. Com essa produção, os alunos foram classificados como a Melhor equipe de Escola Pública da Região Sul, sendo premiada com Medalha de Prata.

Assista a gravação da leitura do texto em nosso Facebook e Instagram.

Além disso, confira o texto na íntegra:

“A independência é oficialmente comemorada como um marco de mudança e desenvolvimento para o Brasil, foi imortalizada na pintura “Independência ou Morte” de Pedro Américo, como uma representação heróica de D. Pedro I.

Todavia, sabe-se que esta representação foi construída de forma falaciosa e que a consolidação do Estado brasileiro como nação teve episódios de conflitos e resistências em várias províncias que possuíam objetivos próprios de independência. 

Para introduzir essa temática é necessário apresentar os elementos externos, ligados aos desdobramentos da crise do Antigo Regime que ameaçava as monarquias absolutistas e culminaram na vinda da corte portuguesa para a colônia. As lutas emancipacionistas já estavam presentes no cenário interno desde o final do século XVIII. Com a chegada da família real em 1808 outras tensões regionais ganham força, repercutindo em conflitos internos que passam a se intensificar. 

Na primeira metade do século XIX, eclodem revoltas, em sua maioria, ocasionadas pela rejeição das províncias à centralização do poder da monarquia nascente, que tinha à frente D. Pedro I. As guerras também eclodem em várias províncias que possuem configurações distintas, particularidades regionais e grande adesão popular. Além das inúmeras rebeliões de escravizados, na luta pela liberdade. 

Não reproduziremos a ideia de Independência restrita a um acordo de elites no Rio de Janeiro, apesar de ter sido o centro espacial e articulador dos acordos, não foi o único envolvido. 

Nem enaltecemos o protagonismo heróico criado em torno da figura de D. Pedro I, como o responsável por um grito, que supostamente teria levado a Independência. Essa versão foi construída no momento de baixa popularidade do governante. 

O que propomos é a compreensão do 7 de setembro como uma data simbólica que representa a síntese de muitas lutas e reivindicações. 

Ao longo dos 200 anos de Independência as comemorações foram marcadas por passeios cívicos, marchas militares, intensificadas durante o processo de ditadura civil-militar, exposições, discursos ufanistas proferidos em sua maioria por sujeitos que ocupam cargos importantes na administração ou sociedade em geral e apresentações de orquestras que entoam hinos luxuosamente. 

No entanto, as “comemorações” e memórias, construídas e/ou silenciadas retornam com vigor ao nos aproximarmos do Bicentenário e exigem novos debates sobre a pauta. Afinal, as comemorações oficiais contemplam projetos de que natureza para a sociedade? Incluem os distintos segmentos sociais ou são excludentes? 

A ausência de saneamento básico, a superlotação de escolas e hospitais, a carência de profissionais para atender as demandas de educação e saúde, a baixa escolaridade e violência que incumbem populações pobres, não brancas, periféricas e homossexuais, e ainda a ausência desses grupos em espaços democráticos refletem a ineficácia de um projeto de sociedade democrática.”

Texto: Projeto Análise de Fontes no Ensino de História do Brasil e CODICAP.

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