Campus Coronel Vivida promove mesa-redonda sobre a Revolta de 1957

Na última terça-feira, dia 26, o campus Coronel Vivida promoveu a Mesa-redonda “Tecendo a História e as Estórias: ficção e imprensa na memória da Revolta de 1957”. O evento teve como convidados o jornalista e escritor Ivo Pegoraro, diretor-presidente do Jornal de Beltrão e autor de livros, entrevistas e reportagens sobre o tema e a jornalista Everly Pegoraro, professora adjunta da Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO) e autora de pesquisas sobre o papel da imprensa na cobertura do conflito.

Esse movimento de protesto envolveu agricultores familiares que se rebelaram contra a pressão exercida por grandes empresas agrícolas e a ação de jagunços contratados por essas empresas para desalojar os posseiros de suas terras. As causas da revolta estão profundamente ligadas às questões agrárias da época. Os agricultores familiares, que não possuíam títulos de propriedade formal – tendo em vista que uma grande parte dessas terras estava em litígio desde o século 19 – passaram a ser alvo de ameaças de grandes companhias de terra, como a Citla (Companhia Territorial de Colonização e Agricultura) e a Comercial S.A, que buscavam expandir seus empreendimentos na região.

Durante o evento, a professora Everly apresentou um panorama sobre a cobertura midiática do ponto alto do conflito, ocorrido no mês de outubro de 1957, apontando as diferentes formas de apresentar os fatos de acordo com as linhas editoriais de dois veículos de comunicação do Paraná: os jornais Gazeta do Povo e O Estado do Paraná. Ela também falou sobre a importância da Rádio Colméia de Francisco Beltrão e de Pato Branco na organização dos posseiros. Mais detalhes sobre a apresentação da professora podem ser encontrados no livro Dizeres em Confronto: a Revolta de 1957 na Imprensa Paranaense.

O jornalista Ivo Pegoraro trouxe detalhes sobre os personagens que fizeram parte do conflito, tais como o vereador Pedrinho Barbeiro, Nelson e Lida Sanderson, Jácomo Trento (conhecido como Porto Alegre), Guilherme Oenning e Leopoldo Preilipper, entre outros. Mais detalhes sobre a apresentação do Ivo podem ser encontrados nas obras literárias que ele publicou sobre o tema, tais como os romances Mitos (de 1996) e, o mais recente, Quatro Gerações (2017).

O evento teve como público-alvo os alunos do 3º ano dos cursos técnicos em Cooperativismo e Administração, expandindo a compreensão desses estudantes sobre a história local e sua relevância para o entendimento das questões sociais e políticas contemporâneas. Além disso, a mesa redonda abriu espaço para perguntas e debates, estimulando a participação ativa dos estudantes.

Os professores responsáveis pela organização do evento, Evandro Leonardi (Sociologia), Rogério Musatto (Geografia) e Lucas Carniel (Português e Espanhol), enfatizaram a importância de preservar a memória da Revolta de 1957 como um lembrete de que a luta por justiça e direitos humanos é uma responsabilidade coletiva. 

Texto: Lucas Carniel