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Determinação política e solidariedade são as bases para a universalização do Ensino, diz professor cubano

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O professor Dr. Dimas Hernandez Gutiérrez, diretor de Universalização do Ministério de Educação Superior de Cuba, defendeu nesta terça-feira (9), durante palestra realizada no Instituto Federal do Paraná (IFPR), que a determinação dos governos e a solidariedade social são os principais pilares para a consolidação de uma política bem sucedida de universalização do Ensino Superior. Ele falou sobre as estratégias adotadas pelo governo do país caribenho para ampliar o acesso e interiorizar as universidades.

“A Universalização do ensino superior tem relação direta com a superação das desigualdades sociais; isso é feito com investimentos públicos consistentes, mas também com a boa vontade da sociedade em apoiar políticas de estado como essa; com a qualidade e constante valorização dos professores (em Cuba, mais de 30 % deles são doutores) e, principalmente, com a garra e vontade de aprender própria dos alunos, sem as quais nenhum investimento faz sentido”, afirmou.

“Nosso povo desenvolveu com o passar dos anos um forte sentimento de solidariedade que tem pautado esse trabalho em todos os níveis, sem isso não seria possível levar as nossas universidades para praticamente todos os municípios cubanos”, disse o professor, ao explicar que, periodicamente, os docentes seguem em caravana para o interior do país, com o intuito de trocar conhecimentos com as comunidades mais distantes dos centros urbanos. Além disso, também há uma forte contribuição dada pelo Ensino semipresencial e à distancia.

“Antes da Revolução o país tinha três universidades públicas e cerca de 15 mil alunos; hoje são 68 universidades e mais de 711 mil estudantes”, lembrou o professor. A taxa de cobertura da Educação superior entre jovens com 18 e 24 anos no país caribenho é de 63,2%. Para atingir esse público, o país tem um quadro de mais de 160 mil professores.

Em Cuba, segundo Gutiérrez, praticamente todos os jovens egressos saem da faculdade já com uma atividade profissional em vista. Ele diz que isso tem a ver, principalmente, com o conceito de pertinência na definição de cursos e currículos e também com a parceria entre universidades e empresas: “A universidade precisa ser pertinente com as realidades culturais da sociedade”.

“Universalizar o conhecimento significa criar condições para que todos os indivíduos se desenvolvam, sem limites, durante toda a vida; isso promove o desenvolvimento econômico e social do país, bem como o bem-estar social”, defendeu.

Assim como no Brasil, em Cuba há uma rede de institutos técnicos e tecnológicos. Segundo Gutierrez, por força da Lei, os empresários precisam trabalhar em conjunto com essas instituições e ajudar o povo a ter um oficio. “Todos os jovens têm a oportunidade de continuar os estudos em uma universidade; isso é a plena escolarização, plena oportunidade de acesso ao ensino em todos os níveis”, afirma.

A expansão do ensino superior cubano também tem levado em conta a população carcerária. O governo defende a ideia que as prisões não podem ser centros de formação para o crime, mas sim espaços de formação para os detentos. “Por isso, estão sendo criados centros universitários dentro dos presídios”, conta o professor.

Intercambio

O reitor do IFPR, Alipio Leal, chamou a atenção para as semelhanças entre Cuba e o Estado do Paraná, no que diz respeito às dimensões territoriais e à densidade demográfica. Por isso, segundo ele, existe o interesse  de aumentar a aproximação e, com isso, os projetos desenvolvidos em parceria entre o Instituto e instituições de ensino cubanas.

“No Paraná, nosso curso que de Orientador Comunitário, por exemplo, nasceu por influência do curso que forma trabalhadores sociais em Cuba, assim como também há outros projetos sendo desenvolvidos em áreas específicas, como a Agroecologia”, disse. “Há inúmeras possibilidades e precisamos aprofundar cada vez mais os laços que nos unem para aproveitá-las”, comentou.

“A universalização do Ensino deu certo lá e pode dar certo aqui; é uma construção que deve ser feita, não só com Cuba, mas também com outros países, prioritariamente os da América Latina” afirmou.

Estudantes e professores de mais de 80 países fazem intercambio em Cuba. Segundo Dimas Hernandez Gutiérrez, a tendência é a de que esse número cresça cada vez mais. “Não damos o que nos sobra, apenas compartilhamos o pouco que temos; nosso compromisso é compartilhar esse conhecimento, esse saber fazer”, afirmou.

O representante do ministério da Educação Superior de Cuba permanece no Paraná até o fim da semana. Ele deve visitar outras unidades do IFPR, com vistas ao estabelecimento de novos projetos em parceria com o Instituto.