Domínio de língua estrangeira é um dos obstáculos para intercâmbios internacionais
Publicado em
Dados recentes do Programa Ciência sem Fronteiras demonstram que o domínio de línguas estrangeiras, principalmente do Inglês, é um dos principais entraves para o fortalecimento e expansão de intercâmbios internacionais promovidos pelo Brasil. Até o final do mês de abril, cerca de sete mil estudantes se inscreveram para graduação sanduíche em Portugal. Para a Espanha, foram inscritos perto de seis mil candidatos. Para países de Língua Inglesa, a concorrência diminui drasticamente.
O Canadá teve perto de 900 inscritos e a Austrália pouco mais de 300. As informações são da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Se preferir, ouça a reportagem:
Domínio de língua estrangeira é um dos obstáculos para intercâmbios internacionais by IFPR
Segundo a coordenadora de Relações Internacionais do IFPR, Glaucia Julião Bernardo, que também é Secretária do Fórum dos Assessores Internacionais dos Institutos Federais (Forinter), os números evidenciam uma dificuldade de grande parte da população brasileira. “Analisando-os, podemos perceber como o domínio de idioma estrangeiro é uma barreira; os alunos tendem a preferir Portugal e Espanha porque são países que não exigem exame de proficiência”, explica.
Até 2014, o Ciência Sem Fronteiras pretende implementar 101 mil bolsas de estudo em diferentes modalidades: doutorados sanduíche; graduações sanduíche; pós-doutorado; doutorado pleno; estágio-sênior; treinamento de especialistas no exterior (empresa); jovem cientista de grande talento (no Brasil) e pesquisador visitante especial (no Brasil).
Para o assessor de Articulação Institucional do IFPR, Eden Januário Netto, possibilidades como as que começam a ser proporcionadas pelo programa são inigualáveis e precisam ser ampliadas ao maior número de pessoas possível. “É impressionante aprendizado que um aluno com oportunidade de estudar no exterior pode construir, mas isso até se torna secundário quando são considerados os aspectos culturais, geográficos, históricos e humanos”, analisa. “O Programa permite que os estudantes vejam o mundo plano, transitem com facilidade entre várias culturas diferentes, o que, inclusive, pode diminuir o preconceito, porque muitas vezes o desconhecimento gera barreiras culturais”, comenta.
Nesse sentido, de acordo com o professor, é essencial que o Brasil enfrente o desafio de consolidar o ensino de línguas. “O que precisamos é ter a consciência de que precisamos dominar um segundo idioma, preferencialmente o inglês, pois não se discute se ele é necessário: hoje sabemos que ele é fundamental”, diz. “No entanto”, observa Eden Januário Netto, “isso exige mudança cultural, que é lenta e exige muito trabalho”.
Alternativas Visando superar a dificuldade do aprendizado em língua estrangeira, o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) tem estudado algumas possíveis soluções para a questão. Uma delas, por exemplo, é o fortalecimento das relações com instituições como o British Council, organização sem fins lucrativos com atuação em mais de 100 países e que tem o objetivo de fortalecer laços com o Reino Unido.
Durante o II Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica, essas situações também foram discutidas. “No evento, foram apresentados os desafios do Programa Ciência sem Fronteiras, com ênfase para a necessidade de criação de centros de línguas, inclusive com a participação do British Council, com o qual o Conif já tem memorando de entendimento”, afirma Gláucia Bernardo.
Sem Fronteiras
Todas as informações referentes ao Programa Ciência sem Fronteiras estão disponíveis no site https://www.cienciasemfronteiras.gov.br . Na página, é possível ter acesso aos editais, inscrições e resultados de processos seletivos, bem como ao cronograma completo do programa.