Na Rússia, egressa do IFPR estuda Engenharia Aeroespacial
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Projetar aeronaves, espaçonaves, satélites. Futurista, a frase parece ter sido retirada de alguma história de ficção científica, mas é pura realidade para uma estudante egressa do IFPR, que ficará na Rússia estudando Engenharia Aeroespacial pelos próximos quatro anos.
Pollyana Maranhão fez o curso técnico em Mecânica Integrado ao Ensino Médio no Campus Curitiba entre os anos de 2011 e 2013. Agora, em 2016, ela foi aprovada para o curso de Engenharia Aeroespacial no Moscow Aviation Institute (MAI). Instituição parceira do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), o MAI é um dos mais importantes centros de pesquisa internacional no campo da Engenharia Aeroespacial
Pollyana já está na Rússia fazendo um curso preparatório em uma universidade do interior. Essa formação antecede o início da graduação, que tem duração de quatro anos. O MAI orienta os estrangeiros a fazerem esta capacitação para se adaptarem ao idioma russo antes de iniciarem o curso superior.
Opções
Segundo a estudante, a escolha do curso de Engenharia Aeroespacial foi tomada ainda durante o Ensino Médio. Inicialmente, o plano era se preparar para o ITA, “por quantos anos fossem necessários”. O que não estava no script é que, aliada à sua dedicação, a formação no Ensino Médio Integrado do IFPR lhe proporcionaria as condições necessárias para ser aceita em diferentes cursos superiores de universidades brasileiras de renome.
Entre as aprovações que contabiliza estão os cursos de Física, na UTFPR, enquanto ela ainda estava no segundo ano do Médio Integrado; Engenharia da Computação na UTFPR e Engenharia Mecânica na UFPR, os dois últimos quando cursava o terceiro ano do Médio Integrado. O curso de graduação escolhido foi o de Engenharia Mecânica – que ela precisou interromper devido à mudança para a Rússia.
Diante de resultados tão expressivos, o sentimento que ela tem pela escola da qual fez parte e história é gratidão. “O IFPR trouxe, além de matérias específicas muito importantes para o processo de seleção nas universidades russas (Tecnologia e Resistência de Materiais, Elementos de Máquina, etc.), o estímulo necessário para perceber que a maioria das barreiras são mentais e é possível, sim, estudar o que você gosta onde você quer”, conta.
Sororidade
Pollyana Maranhão explica que a boa base teórica ministrada no IFPR não foi o único diferencial de sua formação. Em uma realidade em que as mulheres ainda precisam provar a sua capacidade técnica o tempo todo, a motivação e o exemplo de vida das profissionais com as quais conviveu foram essenciais. “Durante o Ensino Médio no IFPR (e, também, durante a graduação em Engenharia Mecânica na UFPR) tive contato com pessoas incríveis e, dentre elas, mulheres cientistas e engenheiras, mestrandas, doutoras, pós-doutoras: em uma época em que precisamos de referências, a presença delas foi fundamental para a minha permanência na área tecnológica.
Entrevista
Leia, a seguir, a íntegra da entrevista* feita pela Seção de Comunicação do Campus Curitiba.
Gratidão. Esse é o sentimento de Pollyana Maranhão pelo Instituto Federal do Paraná. Graças à sua dedicação e a ajuda recebida pelos professores do IFPR – Campus Curitiba, Pollyana conseguiu ser aprovada para estudar Engenharia Aeroespacial no Moscow Aviation Institute (MAI). Pollyana cursou o ensino médio Técnico Integrado em Mecânica entre 2011 e 2013 no IFPR – Campus Curitiba e nos concedeu uma entrevista via e-mail, na qual relata como foi a sua trajetória até a sua aprovação no MAI.
Quando você decidiu tentar Engenharia Aeroespacial na Rússia? Logo após a conclusão do ensino médio ou alguns anos depois?
Eu já queria o curso de Engenharia Aeroespacial antes de terminar o curso no IFPR, então planejava terminar o terceiro ano e estudar o ano todo seguinte (2014) somente para o vestibular do ITA (não acreditava que passaria na UFPR na primeira tentativa, então o plano era fazer cursinho preparatório para o ITA por quantos anos fossem necessários).
Você tinha alguma outra opção de curso?
Física, Engenharia da Computação e Medicina.
Você foi aprovada na sua primeira seleção?
Sim! Graças ao IFPR eu passei em Física na UTFPR durante o segundo ano do ensino médio, em Engenharia da Computação na UTFPR e Engenharia Mecânica na UFPR durante o terceiro ano do ensino médio. Aqui na Rússia também passei na primeira tentativa (muito obrigada, IF! hahahahaha).
Tentou algum outro vestibular aqui no Brasil?
Sim! Conforme citei acima, passei em Física e Engenharia da Computação pelo processo seletivo do SISU e em Engenharia Mecânica pelo processo de vestibular normal da UFPR. Em nenhum deles utilizei cotas (o que mostra que o IFPR é tão forte quanto colégios particulares especializados, ainda que o foco dele não seja o vestibular).
Chegou a cursar alguma graduação aqui no Brasil?
Em 2014 comecei o curso de Engenharia Mecânica na UFPR e lá fiquei até duas semanas atrás (fiz dois anos e meio de curso).
Como o IFPR contribuiu para o alcance desses resultados?
O IFPR trouxe, além de matérias específicas muito importantes para o processo de seleção nas universidades russas (Tecnologia e Resistência de Materiais, Elementos de Máquina etc), o estímulo necessário para perceber que a maioria das barreiras são mentais e é possível, sim, estudar o que você gosta onde você quer.
A base teórica ministrada no IFPR é extremamente forte, mas este não é o único diferencial: durante o ensino médio no IFPR (e, também, durante a graduação em Engenharia Mecânica na UFPR) tive contato com pessoas incríveis e, dentre elas, mulheres cientistas e engenheiras, mestrandas, doutoras, pós-doutoras: em uma época em que precisamos de referências, a presença delas foi fundamental para a minha permanência na área tecnológica.
Como foi o processo de admissão no MAI?
O processo admissional nas universidades russas para estudantes estrangeiros é um pouco diferente do nosso. A pessoa deve seguir os passos e prazos de admissão junto com todos os outros estudantes estrangeiros e o que define a admissão ou não é a análise do histórico escolar do ensino médio e, em alguns casos, a análise de um currículo através de um formulário preenchido pelo aluno na hora da inscrição, pelo site da universidade. Também deve-se enviar o passaporte e algumas informações cadastrais – mas o mais importante continua sendo o histórico escolar.
No momento da inscrição é necessário informar o curso desejado, uma vez que a análise das disciplinas já cursadas no ensino médio relativas ao futuro curso devem ser feita com mais cautela.
Existe a opção de estudar alguns cursos na língua inglesa, mas estes são mais recentes. Os cursos tradicionais são em russo e os estudantes que não tem proficiência na língua devem passar por uma faculdade preparatória antes, com duração de 6 ou 10 meses (dependendo da especialidade), na qual será ministrada a disciplina de russo e algumas disciplinas relativas à futura graduação: no caso de Engenharia Aeroespacial, há física, matemática, química e desenho técnico (todas em russo, para ampliar o vocabulário e diminuir o choque ao entrar na faculdade). O curso preparatório pode ser feito em qualquer universidade e geralmente é feito no interior – para, de novo, acostumar o aluno com o estilo de vida russo de forma mais gradual. Durante o período comunista, houve uma reforma cultural por toda a Rússia e, por conta disso, não existe diferença de sotaques entre as regiões russas, permitindo que qualquer uma delas seja escolhida. Eu escolhi uma universidade na região de Belgorod para estudar o curso preparatório. Depois disso, existem mais 4 anos de Engenharia – e os quatro serão feitos no MAI – Instituto Aeronáutico de Moscou, universidade parceira do ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica.
Durante todo o processo tive a ajuda de um brasileiro que mora em Belgorod e também faz faculdade na Rússia, Renato Vilaça. Ele faz faculdade na área de Ciências Econômicas e foi peça chave para que tudo desse certo.
Quais são os seus objetivos profissionais após a conclusão do curso e quais são as suas perspectivas?
Existem, ainda, muitos obstáculos. Meu objetivo é trabalhar, inicialmente, com a indústria aeroespacial e depois seguir para a área acadêmica.
O que você diria para pessoas que, assim como você, têm grandes sonhos?
É importante frisar que é possível, sim, conquistar seu espaço e atingir seus objetivos, independentemente de gênero, raça ou idade.
Ao final da entrevista, Pollyana citou uma frase de Valentina Tereshkova, primeira cosmonauta e primeira mulher a ter ido ao espaço: “If a women can be railroad workers in Russia, why can’t they fly in Space?”
O IFPR – Campus Curitiba agradece imensamente a Pollyana por compartilhar conosco um pouco da sua experiência e ajudar a inspirar e motivar outros alunos e deseja que ela continue realizando todos os seus objetivos e sonhos: muito obrigado, Polly! 😉
*Esta entrevista foi publicada, originalmente, na Página do Campus Curitiba do IFPR.