Primeira turma de tecnólogos se forma na 8ª Jornada da Agroecologia
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Os primeiros 23 tecnólogos em agroecologia do Brasil tiveram uma formatura especial. Realizada em Francisco Beltrão, na última sexta-feira, dia 29, a solenidade reuniu cerca de 4 mil agricultores familiares, autoridades e participantes de várias regiões do Paraná, outros estados e países.
O curso é resultado de uma parceria entre a Escola Latino-Americana de Agroecologia (ELAA), localizada no assentamento Contestado (Lapa/PR), o Instituto Federal do Paraná (IFPR), a Via Campesina, movimentos sociais do campo e realizado com recursos do PRONERA – Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária.
Depois do ato oficial – que contou com a participação de diversas autoridades, entra elas o Ministro do Planejamento, Orçamento e Finanças, Paulo Bernardo – os educandos da turma “Mata Atlântica” emocionaram o público com uma cerimônia própria: o tradicional capelo (chapéu quadrado) foi trocado pelo chapéu de palha; o juramento foi especialmente escrito por eles e realizado em duas línguas: guarani e português.
O reitor do IFPR, Alipio Leal, afirmou durante o ato oficial que a agroecologia será o “carro chefe” da instituição. “Nós temos a Agroecologia como uma proposta de formação estratégica do IFPR e faremos a inserção em todas as cidades em que o Instituto estiver presente. Assim, vamos priorizar os pequenos agricultores e a produção de alimentos sem agrotóxicos gerando desenvolvimento e sustentabilidade”, destacou.
O Paraninfo da turma Mata Atlântica, da ELAA, o paraguaio Marcial Congo, afirmou em seu discurso que pela primeira vez os técnicos não estão sendo formados para servir ao capital. “Esta escola não está formando apenas tecnocratas a serviço de qualquer empresa que pague mais. Os educandos podem comemorar juntos, pois a visão igualitária e fraterna é a que os conduziu até aqui”, ressalta.
No ato oficial da formatura, também integraram a mesa de autoridades o Deputado Estadual José Lemos, o Chefe de Gabinete e representante do governador do Paraná, Carlos Augusto Moreira Junior, o coordenador do curso, Valter Schaffrath, a pró-reitora de Ensino, Pesquisa e Extensão, Zita Castro Machado, Celso Lisboa de Lacerda, representante do INCRA, o Deputado Federal Dr. Rosinha, o Diretor do Campus Curitiba, Luiz Gonzaga Alves de Araujo, a Representante da Escola Latino Americana de Agroecologia, Sandra Mara Maier, Valter Bianchini, Secretário de estado da Secretaria de agricultura e abastecimento e Lygia Pupato, da Secretaria de Ciência e Tecnologia.
O curso
O Instituto Federal do Paraná é a primeira instituição de ensino no Brasil a formalizar a criação de cursos técnicos em agroecologia. O primeiro curso foi realizado em 2003 – também em parceria com a ELAA. O Coordenador do Curso de Agroecologia do IFPR, Valter Schaffrath, explica que a agroecologia tem contribuído para melhorar a produção dos assentamentos. “Nosso objetivo em oferecer o curso é a construção de um novo modelo de desenvolvimento para o país, baseado nas multidimensões da sustentabilidade: econômica, social, ambiental, política, cultural e ética, que são a base do ensino em Agreocologia”.
Pedagogia da alternância
A metodologia é o grande diferencial do Curso Tecnólogo em Agroecologia. Nesse curso, não é o aluno que vem até o Instituto para aprender com o professor. E sim, o professor que vai até a comunidade – não apenas para ensinar, mas também aprender com o educando. O curso é desenvolvido em dois momentos educativos, chamados de “tempo-escola tempo-comunidade”.
No “tempo-escola” os educandos desenvolvem o conhecimento teórico que será aplicado no “tempo-comunidade”, em que ele retorna para sua comunidade e pratica o projeto teórico que aprendeu no primeiro momento. Enquanto permanece na ELLA, o educando também tem a possibilidade de desenvolver a prática juntamente com as famílias do Assentamento Contestado.
Para o coordenador do curso, professor Valter Schaffrath, a principal vantagem da metodologia é o ambiente que propicia integração entre teoria e prática. “Além da integração, há a possibilidade de uma formação paralela feita pelos movimentos sociais”.
Feira de Agroecologia e Cooperativismo
O reitor do IFPR, Alipio Leal, explica que além de saber produzir os agricultores precisam aprender a comercializar a produção. Com base nisso, o Instituto também oferece o Curso Técnico em Cooperativismo oferecido por meio de parceria com cooperativas de crédito, como a Cresol Baser.Outra iniciativa que estimula a cooperação entre os agricultores é a feira de agroecologia do Campus Curitiba. A feira acontece no pátio do campus todas as quintas-feiras, das 09h às 17 horas.
Na feira, os agricultores vindos de Colombo e Rio Branco do Sul, atendem, semanalmente, dezenas de funcionários do Campus, estudantes e a comunidade que reside nas imediações do IFPR. Quem visita a feira encontra uma ampla diversidade de produtos como verduras, legumes, mel, compotas e sucos.
Além dos alimentos orgânicos, a feira comercializa produtos caseiros sem conservantes, como broas, bolos, pães, sequilhos e chocotone. Outro aspecto importante é o preço desses produtos, pois como a comercialização é feita diretamente pelos agricultores os produtos orgânicos têm um preço similar aos produtos convencionais.