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Retículo Endoplasmático Rugoso. Cloroplasto. Complexo de Golgi. Ribossomos. Você certamente se lembra desses termos das aulas de Biologia do Ensino Médio e, se está ligado ou já passou por um curso superior na área das Ciências Biológicas, sabe muito bem quais são os conceitos que os definem.
Mas, e como seria se, ao invés da Língua Portuguesa, você utilizasse a Língua Brasileira de Sinais (Libras) para aprender essas palavras e seus significados? O processo de aprendizado certamente seria mais difícil, especialmente porque não existem sinais específicos para muitos dos vocábulos comumente utilizados pelas diferentes áreas da ciência, como é o caso da Biologia.
Foi pensando na necessidade dos alunos surdos que o projeto de extensão BioLibras teve início, em maio de 2015. A coordenadora do projeto, professora Elisângela Andrade Ângelo, conta que a ideia nasceu de suas experiências com Libras e, principalmente, com a chegada de um estudante surdo, Fábio Gonçalves Guerrer, que também integra o projeto, ao curso de Licenciatura em Ciências Biológicas no Campus Umuarama.
“Eu já havia estudado Libras por dois anos, em Curitiba, e pude perceber que muitos colegas surdos não conheciam termos específicos da Biologia. Com a chegada do Fábio ao curso, em Umuarama, pensei em um projeto que criasse sinais para os termos mais utilizados nas disciplinas do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Começamos pela biologia celular e microbiologia”, explica a professora.
O projeto é desenvolvido por uma equipe multidisciplinar. Além da professora Elisângela e do estudante Fábio, conta com a participação dos estudantes Maria Luiza Beltrão e Murilo Henrique Scatamburlodo, do Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio, da pedagoga e intérprete de Libras Mayara Andressa Henrique Cortonezi Pereira, e de quatro professores colaboradores: Heloísa Helena Paro de Oliveira e Norma Barbado, da área da Biologia, Claudio Luiz Mangini, do Desenho Industrial, e Rafael Moretto Barros, das Ciências da Computação.
Como os sinais são criados?
Elisângela conta que os sinais são criados levando-se em conta a origem e a definição do termo e também o desenho da estrutura a que ele se refere. “Antes de criarmos os sinais, fazemos uma pesquisa sobre a origem e a definição do termo. Para criar o sinal, nos baseamos na imagem, na definição e nessa origem. Privilegiamos a imagem, mas para muitas moléculas não é possível criar o sinal com base apenas nela, por isso o conceito do termo é muito importante”. O sinal é criado pelo estudante Fábio, com supervisão dos professores. Até agora, são dez os termos traduzidos para a Libras.
Os sinais são apresentados à comunidade em vídeos. O glossário pode ser acessado na página do projeto de extensão. Outros oito vocábulos já foram traduzidos, e os vídeos explicativos estão em fase de edição.
Começou como pesquisa, agora é extensão
O BioLibras começou como um projeto de pesquisa, mas migrou, em 2016, para a extensão, já que atende à comunidade em que o Campus Umuarama está inserido. Agora, além da criação dos novos sinais, o projeto também produz vídeos explicativos sobre temas ligados a Biologia.
Em junho, um vídeo explicativo sobre a prevenção da Gripe H1N1 foi exibido na Associação de Assistência aos Surdos de Umuarama (Assumu). A ideia é que novos vídeos sobre temas relevantes sejam criados, levando informações da área da Biologia à comunidade surda.
Recentemente, o projeto de extensão foi destaque em reportagem veiculada pela emissora afiliada da Rede Globo em Umuarama.