Projeto de produção de leite traz melhorias na qualidade de vida de agricultores e consumidores
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Desenvolvido por estudantes do Curso Técnico em Agroecologia do Campus Ivaiporã do IFPR, o projeto de extensão “Ações Integradas para a Promoção da Produção de Leite em Sistemas Sustentáveis” vem fazendo a diferença na qualidade de vida de agricultores, produtores e consumidores de leite da região do Vale do Ivaí, no Paraná.
Coordenado pela professora Gisele Fernanda Mouro, trata-se de uma das ações do Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica do Território Vale do Ivaí.
Com o objetivo de promover o acesso do agricultor a conceitos que proporcionem a construção de sistemas de produção de leite sustentáveis, de forma que seja produzido leite limpo de resíduos e agrotóxicos, através desse projeto alunos, docentes, agricultores e produtores rurais parceiros trabalham em ações que possam se tornar modelo de prática sustentável – e com isso, as próprias propriedades rurais participantes funcionam como referência para outras.
“Além disso, para o ensino, trata-se de um laboratório real, onde bolsistas e estudantes do Curso Técnico em Agroecologia podem interagir e compartilhar conhecimentos”, pontua Gisele.
O que é um sistema de produção de leite sustentável?
De acordo com Gisele, idealiza-se como sustentável um sistema de produção de leite que:
– Conviva respeitosamente com o meio ambiente, tendo um sistema de gestão ambiental que mitigue os danos causados pela produção;
– Respeite todas as normas de bem-estar animal: que os animais sejam livres de fome e sede, livres de algum tipo de desconforto ambiental, livres de dor, lesões e doenças, livres para expressar seu comportamento normal e livres de medo e estresse (convenção internacional de bem-estar animal);
– Tenha um sistema de comercialização socialmente justo;
– Respeite as informações culturais de onde ele esteja localizado, incorporando o saber historicamente acumulado pelo agricultor;
– Proporcione aos agricultores que, uma vez organizados, possam eles próprios comercializar seus produtos por meio de associações ou cooperativas;
– Proporcione que, na própria propriedade ou no grupo de agricultores, possa ser agregado valor ao produto bruto (leite), seja por sua excelente qualidade, seja por sua certificação como agroecológico e/ou seja pela agroindustrialização familiar;
– Produza material de excelente qualidade higiênica e sanitária, livre de resíduos de remédios ou agrotóxicos, ou qualquer outro que possa ser prejudicial à saúde dos consumidores;
– Não amarre o agricultor à compra de produtos e alimentos externos à propriedade; que ele possa produzir, no próprio agroecossistema, o máximo possível dos insumos utilizados na produção;
– Gere renda para que a família possa viver com dignidade, que respeite as questões de gênero, valorizando o trabalho das mulheres e que dê espaço aos jovens, para que não queiram deixar a propriedade, por falta de renda ou de voz; enfim, que os indivíduos que vivam do sistema possam ter uma vida satisfatória e feliz.
“Trata-se de um projeto de extensão; trabalhamos principalmente a comunicação”, afirma Gisele. “Por meio de diversas ‘estratégias extensionistas’, como palestras, cursos e minicursos, oficinas, acompanhamento de propriedades, encontros, clínicas tecnológicas, entre outros, que são feitos ou organizados principalmente pelos estudantes, bolsistas do projeto, trazemos especialistas da região e de outras regiões do estado para trabalharem os temas relacionados à sustentabilidade da produção de leite, incorporando tecnologias que contribuam com o processo de sustentabilidade dos sistemas de produção de leite da região”, explica a professora.
Compromisso com a formação dos alunos
De acordo com a coordenadora, o projeto contribui para a formação integral do estudante em seus aspectos técnico, científico, ético e humano, aproximando-o do setor produtivo, da sociedade e da comunidade científica. Essa formação diferenciada dos envolvidos na proposta ocorre em grande parte devido à aproximação e interação com diferentes agentes da cadeia produtiva, tais como extensionistas, pesquisadores, agricultores e pessoas ligadas à indústria.
“O elemento norteador do projeto, base para sua idealização, é a formação do estudante”, enfatiza Gisele. “As ações desenvolvidas convergem para o exercício da interação dialógica com todos os agentes da cadeia produtiva, para que os participantes se tornem técnicos sócio e localmente referenciados e entendam que todo trabalho de desenvolvimento rural sustentável passa por uma leitura da realidade do local onde atuam”, conclui a professora.
A viabilização de sistemas de produção de leite mais sustentáveis contribui também para a permanência do jovem no campo. Há casos em que alunos reavaliaram o desejo que tinham de sair da propriedade rural devido às ações desenvolvidas. A permanência no campo foi inclusive um dos temas debatidos durante o II Encontro sobre a Sustentabilidade na Produção do Leite, evento promovido anualmente pelo projeto.
Na região do Vale do Ivaí, a melhoria na qualidade de vida de agricultores e consumidores já é uma realidade, graças ao trabalho em conjunto realizado pelo IFPR e a comunidade. Em 2015, o projeto “Ações Integradas para a Promoção da Produção de Leite em Sistemas Sustentáveis” foi premiado com o Selo Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), reconhecido por boa prática institucional.
Financiadores e parceiros
– Instituto Federal do Paraná – IFPR;
– Instituto Paranaense de Assistência Técnica em Extensão Rural – Emater-PR;
– Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq;
– Ministério da Agricultura e Abastecimento, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério da Pesca e Ministério da Ciência e Tecnologia, pelo Edital 81/2013 CNPq;
– Programa Pró-rural do Estado do Paraná;
– Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica do Território Vale do Ivaí.]]>