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No sábado (7), estudantes ligados aos cursos Técnico em Secretariado e Técnico em Multimeios Didáticos, oferecidos pelo Instituto Federal do Paraná em parceria com o programa Profuncionário, estiveram em Curitiba para o “I Seminário do Profuncionário”. O evento reuniu 413 discentes e professores das turmas que tiveram início em 2015.
Os participantes, ligados aos polos da capital paranaense e das cidades de Cerro Azul, Ponta Grossa e Francisco Beltrão, participaram da palestra ministrada por João Antônio Cabral de Monlevade, responsável pela redação do Projeto Político Pedagógico do programa, e da apresentação de trabalhos produzidos pelos próprios estudantes.
O evento teve início às 9h da manhã. Na abertura, os estudantes, que lotavam o auditório do Campus Curitiba, entoaram à capela o hino nacional de forma emocionante. Compuseram a mesa de abertura: o Diretor de Educação a Distância do IFPR, professor Fernando Amorim; o Consultor do Senado Federal e voluntário da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) no Programa Profuncionário, professor João Antônio Cabral de Monlevade; o Diretor do Departamento de Tecnologia e Difusão Educacional da Secretaria de Educação Municipal de Curitiba, professor Marlon Misael Torres; o Diretor da Conferederação Nacional dos Trabalhadores em Educação do Estado do Paraná, professor José Valdivino de Moraes; a Diretora da Pasta da Secretaria Estadual de Funcionários e Funcionárias de Escola, Nádia Aparecida Brixner; a Coordenadora-Geral Adjunta do Programa Profuncionário da Diretoria de Educação a Distância, professora Marinês Menoncin Pacheco; a Coordenadora do Curso Técnico em Secretaria Escolar, Adnilra Sandeski, e a Coordenadora do curso Técnico em Multimeios Didáticos, professora Maria Helena Viana Bezerra.
Em suas falas, os componentes da mesa destacaram a importância de ações que valorizam o papel desenvolvido pelos funcionários de escola. “Precisamos desconstruir a ideia que a escola é formada apenas por professores e alunos. O funcionário também faz parte desse cenário e é um educador”, afirma Nádia Aparecida Brixner, que é egressa do curso Técnico em Multimeios Didáticos. “O Profuncionário é mais que um programa, já é uma política pública”, explica José Valdivino de Moraes.
A fala mais aguardada, no entanto, era a de Monlevade. Aos 75 anos, o Doutor em Educação falou para a plateia de estudantes, que ouviu atenta a participação. Monlevade destacou o papel do funcionário como educador no ambiente escolar e traçou as raízes históricas que levaram à sua desvalorização, a partir da criação da primeira escola no Brasil em 1550. “Somos vítimas de uma ideologia que marginaliza o material, e o funcionário é o responsável pela educação material do estudante, a educação no sentido mais profundo, no sentido de um projeto educativo”, explica.
O professor Fernando Amorim finalizou a primeira parte da programação, comprometendo-se em ampliar o debate e as iniciativas do Profuncionário no IFPR. “A previsão é de que em 2017 seja aberta uma grande chamada para novas turmas do Profuncionário”, afirmou. Sobre a realização do seminário, o gestor comemora: “É a materialização do nosso trabalho, sinal de que estamos no caminho certo.”
Trabalhos serão reunidos em publicação
O seminário encerra o primeiro ano de atividades das turmas que iniciaram os cursos Técnico em Secretariado e Técnico em Multimeios Didáticos em 2015. Na seção de pôsteres, estavam expostos 21 trabalhos produzidos nos polos de Curitiba, Cerro Azul, Ponta Grossa e Francisco Beltrão. Ao todo, são 15 os municípios paranaenses que possuem polos onde são ofertadas turmas dos cursos, totalizando 776 estudantes. Só na capital, são 490 discentes, divididos em 9 polos.
A estudante Lucia Luzia da Silva representava a turma do polo localizado no bairro Boqueirão, em Curitiba. Orientada pelo professor Flávio Augusto Garcia, apresentava o projeto “Lixo trocado, Alimento reforçado!”, desenvolvido na Escola Municipal Professor Germano Paciornik, onde atua como inspetora de contraturno. O projeto tem como objetivo promover a conscientização dos estudantes em relação aos cuidados com o meio ambiente e também com a alimentação. “A cada 15 dias, eles participam da troca de lixo reciclável por frutas e verduras da estação”, explica Lucia. As crianças também são incentivadas a construir brinquedos com material reciclável. “Nós percebemos que, ao produzirem seus próprios brinquedos, eles passam a ter muito mais cuidado tanto na utilização quanto depois de brincarem”. A alimentação foi outro ponto que melhorou. “Muitas mães relatam que os filhos passaram a se interessar mais por frutas e verduras depois do desenvolvimento do projeto na escola”, afirma. Para Lúcia, cursar o curso Técnico em Multimeios Didáticos traz melhorias para a prática profissional do dia a dia. “Outro ponto positivo é o apoio que recebemos para estudar, já que a escola nos libera para o encontro semanal no polo”, comenta.
Já o trabalho “Inclusão Escolar”, orientado pela professora Lucia Helena de Oliveira Silva e desenvolvido por uma equipe de cinco estudantes do polo localizado no bairro Boa Vista, também em Curitiba, tem como objetivo estudar os motivos que levam à evasão escolar e formas de evitá-la. Para as estudantes Marcela Espíndula de Souza Parobutchey e Claudinete Londero Schardong, que atuam na função de apoio escolar, a participação no curso Técnico em Secretariado promove um olhar diferente para o trabalho que elas desenvolvem na escola. “A partir do curso, conseguimos perceber que também fazemos parte do entorno dessas crianças”, afirmam.
Da cidade de Francisco Beltrão veio o trabalho “Família na Escola”, coordenado pela professora Gema F. Zambilo. Produzido por um grupo de sete estudantes, traz um relato do projeto “Festival de Paródias”, que incentivou os discentes da Escola Municipal Higino Pires a produzir obras do gênero exaltando os valores familiares. As produções foram apresentadas aos pais dos estudantes em um evento especial. “O curso em si já é uma soma”, afirma a estudante do curso Técnico em Multimeios Didáticos Valdenice Setti. Ela já é professora e viu no curso técnico mais uma oportunidade de se aperfeiçoar. “Trouxe conhecimentos que a minha graduação não havia trazido”, afirma.
As estudantes do curso Técnico em Multimeios Didáticos Joana Esmeralda Mendes e Ciumara Elias, que trabalham como zeladoras em escolas de Ensino Fundamental em Ponta Grossa, representavam o trabalho “Otimização do Espaço Escolar”, coordenado pela professora Mirian Sahd Jobbins. O projeto é desenvolvido em diferentes instituições do município e consiste em uma “carrinhoteca”, uma solução encontrada pelos estudantes para aquelas escolas que não possuem infraestrutura para a criação de espaços como brinquedotecas ou bibliotecas. Os carrinhos são utilizados para a armazenagem e transporte de diferentes objetos – brinquedos, livros, material artístico e até equipamentos eletrônicos – de acordo com as necessidades do local. “Hoje, até me olham de forma diferente”, afirma Ciumara sobre as mudanças que o curso trouxe no seu dia a dia profissional.
De Cerro Azul, veio o trabalho “Fundamentos e práticas na EaD”, coordenado pela professora Samira Flores Blatner e desenvolvido pelas estudantes do Curso Técnico em Secretariado Angela Maria Hilman e Adriana Chaves da Silva. Angela explica que o interesse pelo assunto surgiu no próprio cotidiano profissional em escolas de municípios distantes da capital ou, então, localizadas no interior dos municípios. “Na escola em que trabalho, que fica na zona rural, a internet chegou há poucos meses, e ainda não temos telefone. Daí que surgiu o interesse em estudar como a educação a distância pode colaborar nesse cenário”, explica Ângela, que trabalha na Escola Estadual do Campo Augusto Antônio da Paixão, a 23 quilômetros do centro da cidade de Cerro Azul. Sobre o curso, afirma: “Conseguimos aplicar na realidade tudo aquilo que vimos no curso.”
A ideia é que a relação de todos os trabalhos apresentados seja reunida em um livro, que será a primeira publicação do Profuncionário no IFPR.
Sobre o Profuncionário
O Profuncionário é um programa que visa à formação dos funcionários de escola, em efetivo exercício, em habilitação compatível com a atividade que exerce na escola. A formação em nível técnico de todos os funcionários é uma condição importante para o desenvolvimento profissional e aprimoramento no campo do trabalho e, portanto, para a carreira. O Decreto 7.415, de 30 de dezembro de 2010, institui a política nacional de formação dos profissionais da educação básica e dispõe sobre a formação inicial em serviço dos funcionários da escola. Entre seus objetivos fundamentais, está a valorização do trabalho desses profissionais da educação, através do oferecimento dos cursos de formação inicial em nível técnico proporcionados pelo Profuncionário.
Mais informações sobre o programa estão disponíveis na página do Ministério da Educação.]]>