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Semana da Consciência Negra movimenta o Campus União da Vitória

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Telas pintadas pelos estudantes inspirados nos tecidos africanos e na cultura negra

Com uma temática voltada ao combate ao racismo e a importância da cultura afro-brasileira em nossa sociedade, o Campus União da Vitória realizou, dos dias 19 a 22 de novembro, a Semana da Consciência Negra.
O evento trouxe palestras, oficinas e mostras culturais que permitiram aos estudantes e servidores da unidade conheceram sobre a arte e cultura afro, além de debaterem questões históricas e sociais da população negra no Brasil.

A abertura do evento foi realizada com a Oficina de Rap e Slam, ministrada pelo educador social e idealizador da Batalha na Praça, Paulinho. Durante a oficina, o palestrante falou sobre a história do rap, explicou a diferença entre rap e slam e finalizou com uma aula de improvisação.

Durante a semana, foram exibidos nos corredores do campus, trabalhos artísticos desenvolvidos pelos estudantes, dentro da temática do evento, como telas com pinturas inspiradas nos tecidos africanos e desenhos e montagens que se baseavam na cultura afro-brasileira.

Na quarta-feira (20),  o professor de história da unidade e integrante do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas – Neabi, Edilson Brito, ministrou uma palestra aos estudantes do Colégio Estadual Bernardina Schleder, sobre a importância dos povos africanos e de seus descendentes para a formação do Brasil. Segundo ele, a experiência foi muito válida e deve render frutos no próximo ano, como projetos de extensão e de ensino.

O evento foi encerrado na sexta-feira (22) com uma palestra seguida da Oficina de Cabelo Afro com os estudantes da Universidade Estadual do Paraná – Unespar, Bianca da Silva, Cleidilene Santos e Felipe Soares. Durante a exposição os palestrantes abordaram a beleza afro e a valorização da estética negra, além de discutir a discriminação sofrida pelos negros no país.

“É importante essa construção do que é ser uma negra ou negro bonito. Na infância, eu, enquanto negra, não me via como uma pessoa bonita, pois o que eu via na televisão eram mulheres brancas sendo descritas como bonitas, com uma pele bonita; então essa ressignificação do que é a beleza, do que é o esteriótipo negro é muito importante. E isso fica nítido até em coisas simples como, por exemplo, a maquiagem, pois apenas agora, em 2019, é que temos bases para a pele negra”, afirmou Bianca.

Para Cleidilene, eventos com esse tema são muito relevantes para mudar a mentalidade de discriminação que ainda existe. “Não é necessário que sejam grupos grandes conversando sobre assunto, podem ser pequenos grupos como o de hoje, em que alunos podem ouvir sobre o assunto e enxergar que algumas atitudes que parecem normais no dia a dia são, sim, preconceituosas e ofendem o outro”, opinou.

A palestra foi encerrada ao som de batuques e cantos que eram entoados na senzala, que possuíam em seus versos a dor e sofrimento enfrentado pelos negros escravizados.

“Acredito que a Semana da Consciência Negra abarcou um arco importante de questões, e chamou a atenção justamente para aquilo que devemos fazer, não só em novembro como em toda a vida, que é combater o racismo e promover uma sociedade mais justa, igualitária e democrática”, avaliou o professor e um dos organizadores do evento, Edilson Brito.

Dia da Consciência Negra

O Dia da Consciência Negra é comemorado em 20 de novembro em todo o território nacional. A data faz referência ao dia da morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo de Palmares, que lutou para preservar o modo de vida dos africanos escravizados que conseguiam fugir da escravidão.