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Desde 2011, comemora-se, oficialmente, o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra (Lei n.12519/2011). Agora em 2024, esse dia será pela primeira vez feriado nacional, por meio da Lei 14.759/2023 e devido à luta do movimento negro para que essa data tivesse visibilidade.
Muda-se a forma de celebração, porém é mantida a data 20 de novembro. Mas por que esse e não outro dia?
A data escolhida para a instituição do feriado não é aleatória. É o dia da morte de Zumbi (1695), líder do Quilombo de Palmares, a primeira figura histórica negra a ser reconhecida nacionalmente. Definir esse dia como o feriado da Consciência Negra é uma forma de legitimar sua importância como símbolo de combate e resistência à escravidão e exaltar sua memória, para que não seja mais uma personalidade preta apagada. Como afirma Melyssa Gonçalves, estagiária da Diretoria de Extensão, Arte e Cultura (Diext), “ninguém consegue apagar o nome de Zumbi dos Palmares”.
Zumbi foi morto aos 40 anos em 1695, um ano após o ataque conduzido pelo bandeirante paulista Domingo Jorge Velho, a mando do governo de Pernambuco, ao Quilombo dos Palmares. Esse lugar foi o maior quilombo brasileiro e representava perigo à estrutura do Brasil colonial, pois era o lugar onde negros encontravam liberdade e resistiam à escravidão, sem contar a organização e autossuficiência dessa comunidade.
É importante destacar a figura de Dandara dos Palmares, esposa de Zumbi. Ela foi uma guerreira e comandante dos palmiristas, homens e mulheres, contra os portugueses. Provavelmente, suicidou-se em 1694 no ataque ao quilombo como forma de evitar sua escravidão. Melyssa Gonçalvez destaca que o reconhecimento Dandara foi tardio, em relação a Zumbi, mas que a valorização desses dois personagems mostra a força do movimento negro contra o apagamento de suas lutas e de seu protagonismo.
Muito mais que um dia de descanso, é momento de reflexão e diálogo sobre preconceito e discriminação e, também, um dia de amor, orgulho e representatividade do povo preto.
De forma breve, Consciência negra envolve o entendimento da contribuição negra para a formação da identidade brasileira, assim como o sentimento de pertencimento. É o reconhecimento da necessidade valorização das raízes culturais e históricas ancestrais. É luta por igualdade e direito.
Melyssa Gonçalves aponta a representatividade, mesmo não sendo suficiente para resolver todas as questões, como fator importante desta consciência, pois fortalece a coragem de ir para a luta política e social.