14ª Jornada de Agroecologia debateu propostas de desenvolvimento socioambiental
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De 22 a 25 de julho, foi realizada em Irati a 14ª Jornada de Agroecologia. O IFPR Câmpus Irati foi um dos mais de trinta parceiros do evento, que teve a participação de cerca de 4.000 pessoas e objetivou debater propostas de desenvolvimento socioambiental integrando campo e cidade, sendo a educação um dos seus principais pilares.
Os participantes da Jornada puderam participar de oficinas de trocas de experiências em agroecologia, seminários temáticos, da marcha pela agroecologia, conferências e depoimentos relacionados à esta temática. Frei Betto explanou sobre “Elementos filosóficos para a construção de uma sociedade socialmente justa, igualitária, culturalmente diversa e ecologicamente sustentável”, e João Pedro Stedile falou sobre “Análise do Movimento do Capital na agricultura e suas consequências”.
Sobre a educação do campo e a formação técnica em agroecologia, Stedile destacou que são dois temas complementares. A educação do campo também é fruto dos movimentos sociais, que geraram um debate em torno da necessidade de uma pedagogia específica para a população que mora no campo, sendo chamada de pedagogia da terra. “Uma coisa é eu ensinar matemática para o jovem contando os andares de um edifício, e outra coisa é ensinar matemática para um jovem contando ovos de galinha. As realidades são diferentes. Mesmo que a matemática seja uma ciência universal, a forma que você aplica um conhecimento é diversa”, disse. Ele acrescenta que o segundo aspecto da pedagogia da terra consiste em adequar os tempos de escola às necessidades do aluno, adequando-o ao ciclo agrícola. Já a agroecologia, é considerada por Stedile fundamental para o processo de conhecimento e de preparação dos jovens. “A agroecologia é a área do conhecimento científico que sistematiza as práticas e técnicas de produção agrícola, em que você pode aumentar a produtividade da terra e aumentar a produtividade da pessoa, do trabalhador sem agredir a natureza, e sim em equilíbrio com ela”. Para ele, a agroecologia tem esse papel de ser multiplicador do conhecimento científico para que a sociedade como um todo se aproprie.
Na programação cultural foram realizadas intervenções, shows e místicas, que consistiu em representações artísticas de interação com o público de temas relacionados à agroecologia e a vida no campo. Na feira de produtos agroecológicos foi possível comprar alimentos saudáveis produzidos pelos agricultores participantes. No Túnel do Tempo foi realizada uma exposição sobre os 100 anos da Guerra do Contestado. A Feira de Sementes foi um momento de trocas de mudas e sementes crioulas entre os participantes, propiciando a proteção e valorização da agrobiodiversidade. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias e outras autoridades do estado do Paraná, como representantes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR, e do Centro Paranaense de Referência em Agroecologia – CPRA estiveram presentes no ato político do evento.
Alunos, professores e técnicos administrativos do IFPR Câmpus Irati também prestigiaram a Jornada. Os alunos do 2º ano do curso Integrado em Agroecologia do Câmpus Francielle Cristina Farias e Luiz Ângelo Gasparelo, por exemplo, ministraram a oficina de Pomada Natural Cicatrizante (utilizada em animais), auxiliados pelos colegas Gabriel Mores e João Vitor Fillus. Para Francielle, participar ativamente da Jornada foi uma experiência de aprendizado educacional e pessoal: “tive o prazer de poder ministrar uma das cinquenta e uma oficinas oferecidas no evento e tive isso como um momento único de ensino aprendizagem. Trabalhar com os mais diversos tipos de pessoa em uma oficina é mais do que apenas transmitir conhecimento, é aprender a partir do que se ensina. Como aluna do Instituto sempre tive esses momentos que nos são proporcionados a partir do Câmpus como experiências para área de atuação que eu escolhi (a agroecologia), mas este particularmente foi mais que apenas isso. Poder conhecer, partilhar, e mesmo aprender com as mais variadas etnias e credos presentes no evento, mais do que apenas educacional foi um momento de reflexão cultural. Vejo o apoio do meu Câmpus a tal evento com muito orgulho e admiração, a oportunidade de atuação dos alunos de grande valia e o evento como um todo de extrema importância para a sociedade”.
O resultado da Jornada está sistematizado na 14ª Carta da Jornada de Agroecologia, que reafirma o compromisso dos participantes com a agroecologia e assim dar continuidade a luta por uma terra livre de latifúndios, sem transgênicos e sem agrotóxicos, e pela construção de um Projeto Popular e Soberano para a Agricultura.