Estudantes e servidores do IFPR – Campus Irati visitam a linha preta em Curitiba
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Nos dias 17 e 24 de maio, as turmas concluintes dos cursos técnicos em Informática e Agroecologia estiveram na capital para uma visita didática ao percurso conhecido como Linha Preta.
À frente do projeto estão os pesquisadores e ativistas culturais Kandiero e Melissa Reihner, que conduziram os estudantes e professores pelos 13 pontos do roteiro, promovendo uma experiência fundada nos valores afro-brasileiros da oralidade (ouvir e falar), da circularidade (a roda como princípio de interação e troca) e da musicalidade (com o ritmo de canções, da poesia e do movimento corporal).
O roteiro no centro da cidade possibilitou aos visitantes conhecer a contribuição da população negra na construção de Curitiba desde o século XVI, muito antes dos influxos imigratórios europeus a partir de 1870. Na caminhada pelos pontos, Mel e Kandiero explanaram as técnicas variadas de construção aplicadas por mestres-pedreiros negros nas Ruínas de São Francisco, na Igreja do Rosário dos Pretos de São Benedito e em outros prédios do Largo da Ordem, assim como resgataram a importância das tecnologias de metalurgia e mineração introduzidas pelos africanos, destacando-se o pioneirismo das mulheres negras na técnica de extração do ouro de aluvião.
Aliás, sobre a participação feminina, vale lembrar que a primeira engenheira formada no Brasil foi uma mulher negra de Curitiba, Enedina Alves Marques, que concluiu o curso de Engenharia Civil na Universidade Federal do Paraná (UFPR) em 1945.
Entre outros espaços, o grupo passou pelo Memorial de Curitiba, onde alguns estereótipos sobre a cultura afro-brasileira foram desconstruídos, e pela Praça Tiradentes, marco zero da cidade, local em que os movimentos negros têm ressignificado os discursos fundacionais e festejado a religiosidade de matriz africana à roda das Gameleiras Sagradas (Iroko). Além disso, foram visitadas as Arcadas do Pelourinho e a Água pro Morro – escultura em bronze mais conhecida por “Maria lata d’água”. O trajeto teve fim na Praça 19 de Dezembro, ou Praça do Homem Nu, na qual os visitantes puderam contemplar o belo painel de azulejos do artista Poty Lazzarotto.
Organizada pelo NEABI (Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas) do campus Irati em parceria com as coordenações de curso, a viagem representa uma ação importante no compromisso da instituição com a luta antirracista e com a formação de jovens engajados na defesa de uma sociedade brasileira mais justa e igualitária.
TEXTO: Artur Ribeiro Cruz
IMAGENS: Docentes que acompanharam os estudantes.