Caminhos da educação na trifronteira:
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O projeto surgiu com os objetivos de resgatar, reconstruir e expor as memórias e vivências sobre a educação da Trifronteira sudoeste do Paraná, aprofundando o conhecimento sobre o entorno do IFPR – Campus Avançado Barracão de forma a permitir reflexões que ressignifiquem a docência e subsidiem ações de ensino e aprendizagem, atividades e projetos coerentes e significativos,
ampliando o repertório e incentivando o processo de formação dos docentes com foco na diversidade histórica local assim como em suas produções, manifestações culturais e artísticas, contribuindo com a educação fronteiriça, levantando dados sobre as especificidades locais, como fonte de saberes, rico em significações históricas e culturais.
JUSTIFICATIVA:
“Não tenho um só amigo que queira ficar aqui!”
No ano de 2017, foi realizada uma pesquisa de caráter pedagógico, com os estudantes do Instituto Federal do Paraná, Campus Avançado Barracão para conhecer suas aspirações, necessidades e demandas, a fim de levantar pistas e subsidiar a elaboração de atividades e projetos de ensino coerentes e significativos. Os dados levantados foram enriquecedores em diversos sentidos, porém um deles se destacou entre os demais, devido à sua relevância: a constatação de que os jovens da região não gostariam de continuar morando nela.
Este dado, apontado na pesquisa de todas as séries do Ensino Médio daquele ano, causaram estranheza e também o questionamento sobre quais os motivos e fatores que desencadeariam o êxodo dos jovens da Trifronteira.
(Pesquisa realizada com alunos do IFPR C. A. Barracão. 2017)
Quando uma das estudantes do 3º ano foi indagada sobre o porquê de não querer permanecer em sua região, respondeu apenas: “Não tenho um só amigo que queira ficar aqui”. Após essa afirmação, ficou ainda mais evidente a necessidade de nos aproximar dessa temática e perceber quais as impressões do local se destacava para que os jovens não mais quisessem permanecer, pois “a correspondência entre o homem e o lugar, entre uma sociedade e sua paisagem, está carregada de afetividade e exprime uma relação cultural no sentido amplo da palavra” (BONNEMAISON, 2002. APUD COSTA).
Em reunião pedagógica, no início do ano de 2018, ao refletirmos sobre essa questão, outro aspecto chamou a atenção, a de que os próprios servidores não estavam familiarizados ou não conheciam a região. Como seria possível discutir sobre o entorno e tratar dessa temática com os alunos, sem que os docentes e técnicos conhecesse a comunidade na qual o Campus está inserido? No quadro de servidores do IFPR Campus Avançado Barracão não há munícipes, nem residentes antigos da região, todos vieram de localidades distantes, inclusive outros estados, sendo moradores recentes da área. Esse fato levou o grupo a indagar sobre a necessidade de uma ação de apropriação e conhecimento do local para comunidade escolar, etapa que deveria ser executada antes do trabalho com os estudantes.
Neste mesmo sentido, os funcionários do Instituto, como parte integrante desta comunidade, também deveriam conhecer a cultura, os valores e as especificidades do lugar, estabelecendo interações significativas, por meio das quais os indivíduos apropriam-se do espaço que habitam:
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Trata-se de assumir que todos vivem em relações nas quais o lugar é um produto que vai sendo configurado pelos sujeitos em interação, mas é também produtor da vida dos sujeitos, por isso envolve sentidos e significados, na escola e nas aulas, especialmente dos alunos e professores. Assim, lugar é assumido como referente de emancipação, porque pautado na libertação do pensar. (ANDREI; CALAI, 2017)
Essa necessidade de proximidade do docente com a comunidade também pode ser observada nos objetivos dos Institutos Federais de Educação, previstos na Lei 11.892, que cria os Institutos Federais, em seu artigo 7º, onde destaca-se:
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III – realizar pesquisas aplicadas, estimulando o desenvolvimento de soluções técnicas e tecnológicas, estendendo seus benefícios à comunidade;
V – estimular e apoiar processos educativos que levem à geração de trabalho e renda e à emancipação do cidadão na perspectiva do desenvolvimento socioeconômico local e regional; (BRASIL, 2008, on-line)
Uma formação significativa, que considere as diversidades e as características locais em seu currículo, deve garantir que sua fundamentação e estrutura contenham traços que demonstrem o conhecimento dessa região em que se insere, proporcionando ao estudante a ressignificação local; a reflexão sobre não apenas residir no território, mas absorver suas tradições e apropriar-se de sua cultura:
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Art. 7º A organização curricular do Ensino Médio tem uma base nacional comum e uma parte diversificada que não devem constituir blocos distintos, mas um todo integrado, de modo a garantir tanto conhecimentos e saberes comuns necessários a todos os estudantes, quanto uma formação que considere a diversidade e as características locais e especificidades regionais (BRASIL, 2008, on-line).
Com base nesta discussão, o projeto de estudo coletivo “Caminhos da educação na trifronteira” foi proposto.
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
Lembranças, histórias e memórias da educação na Trifronteira:
- Na manhã do dia dois de abril (02/04/2018), foi realizada uma roda de conversa com as professoras aposentadas da região, Terezinha, Moni, Dilva e Nilva;
- (05/04/2018) Conversa com Profª Monica sobre a organização da Educação – Argentina;
- (11/04/2018) Roda de conversa, no CIF, com supervisora de ensino, Sra. Carmem e educadoras argentinas (Norma/Celia/Mônica) para levantamento de acervo e memórias sobre a educação na trifronteira.
Perspectivas socioeconômicas e a educação local:
- No dia nove de maio (09/05/2018) gravamos um vídeo com profª aposentada da escola 7 de Setembro, Sra. Ivone (Bom Jesus do Sul) e com as representantes argentinas, a supervisora de ensino – Sra. Carmem, a Assistente de supervisão – Sra. Lucy, a Professora da escuela 363 – Sra. Cândida e a Diretora da escuela 765 – Sra. Miriam. O intuito da gravação foi de obter material em vídeo para ser exibido no Painel: Contribuições dos Profissionais de Educação da Região, visando uma reconstrução histórica da educação na tri frnteira;
- (09/05/2018) Vídeo Conferência sobre documento do Observatório Social IFPR;
- No dia nove de maio (09/05/2018) assistimos o documentário realizado pelo PLUG sobre a Tri fronteira Sudoeste do Paraná, que apresenta os principais pontos turísticos, históricos e curiosidades sobre a tri fronteira. A matéria completa e o documentário produzidos podem ser acessados diretamente na página do PLUG no Gshow clicando aqui;
- (15/05/2018) Visita à Escuela 604 para conhecimento do projeto de Escola Bilíngue.
Reconstrução de memórias: A educação na Trifronteira:
- No dia 13 de junho (13/06/2018), realizamos o painel “Reconstrução de Memórias: A Educação na Trifronteira”. O evento, desenvolvido pelos servidores do IFPR – Campus Avançado Barracão, buscou rememorar as histórias envolvendo a educação na região da tri fronteira e expôr o acervo de fotos, filmagens e reportagens sobre a educação na região. Na ocasião, se reuniram no Auditório Paulo Freire profissionais da educação, brasileiros e argentinos, e discutiram as histórias da implantação, os desafios e algumas perspectivas para a educação formal no entorno da tri fronteira. O encontro foi muito produtivo, a conversa bastante animada e enriquecedora.
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Confira as fotografias históricas sobre a educação na região da tri fronteira em versão digitalizada clicando aqui.
Confira abaixo a gravação do painel “Reconstrução de Memórias: A Educação na Trifronteira” na íntegra.
- (13/06/2018) Construção Coletiva: Exposição de acervo de fotos/ filmagens/reportagens sobre a educação na região.
A Trifronteira Sudoeste do Paraná: O Lugar e a Educação:
- No dia dois de agosto (02/08/2018) foi promovida a palestra “A trifronteira no Sudoeste do Paraná: O Lugar e a Educação”, ministrada pela convidada Profª Dra. Maristela Ferrari, autora do livro “Conflitos e povoamento na fronteira Brasil-Argentina: Dionísio Cerqueira, Barracão, Bernardo de Irigoyen”. A palestra aconteceu no Auditório Paulo Freire, anexo à Prefeitura de Dionísio Cerqueira – SC e contou com as belíssimas apresentações de danças tradicionais do CTG Sinuelo da Fronteira, de Dionísio Cerqueira, e do Centro de Arte y Cultura Nativa de Bernardo de Irigoyen.
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Confira no vídeo abaixo a palestra na íntegra.