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Ações do NEABI marcam a semana da Consciência Negra no campus

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MEMBROS do NEABI

Na última quinta-feira, 21 de novembro, o Instituto Federal do Paraná (IFPR) – Campus Coronel Vivida realizou atividades em alusão ao Dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro. As ações foram marcadas pela exibição do filme “Para Não Esquecer” e pela mediação de leituras e debates sobre a cultura afro-brasileira e haitiana.

Exibição do filme “Para Não Esquecer
Produzido em 2024 com recursos da Lei Paulo Gustavo e apoio do Núcleo de Arte e Cultura (NAC) do campus, o filme foi exibido em duas sessões e está disponível no canal do NAC no YouTube. A obra surgiu a partir de uma demanda dos haitianos residentes em Coronel Vivida e aborda as tradições culturais desse povo, destacando suas lutas contra o preconceito racial.

Leitura de obra de arte e reflexões sobre a diáspora africana
Outro destaque do evento foi a leitura da pintura “Atlântico” (2016), do artista Arjan Martins, mediada pelo professor de História Rodrigo Mello Campos. Ele ressaltou a importância do compromisso histórico e social na luta contra o racismo:

“É uma satisfação poder participar dessa atividade, mas também é um compromisso como historiador e cidadão brasileiro em ajudar o país a minorar os efeitos do racismo. (…) Tratamos da diáspora africana, da cultura negra e afro-brasileira, da formação do país com base num ponto de vista afrocentrado. Também discutimos a relação do Atlântico como um oceano de separação, mas também de ligação entre povos negros e de identidade negra contemporânea.”

Presença de James Suffrard: um relato de resistência
O evento contou ainda com a participação de James Suffrard, refugiado haitiano que vive em Coronel Vivida há 11 anos. Em sua fala, ele compartilhou a experiência de ser um haitiano no Brasil, os desafios do preconceito e as conquistas ao longo dos anos:

“Quando chegamos aqui, em 2013, os adolescentes tinham medo de se aproximar. Mas, com o tempo, essa visão mudou. Hoje, ser entrevistado pelos estudantes e ouvir de um deles ‘James, eu sou seu fã’, foi algo que me marcou profundamente, principalmente por poder falar sobre o preconceito que sofri e pelas dificuldades que nós haitianos enfrentamos desde quando emigramos para o Brasil até hoje. Foi um prazer enorme, gostei bastante de viver esse momento no IFPR. Penso que falta isto no campus: ter mais professores e estudantes negros, para que os estudantes possam conviver mais, pois ter professor negro é uma alternativa pra incentivar as crianças para saberem que todo mundo é igual, que a cor é só uma pequena diferença da melanina, porque como eu falo sempre, sou negro com dois olhos, duas mãos, um nariz, uma língua. Estou muito feliz de falar e ser bem acolhido. Muito obrigado.”

Reflexões sobre o impacto das ações
A professora de Arte, Dra. Katyuscia Sosnowski, destacou a relevância das atividades:

“O evento foi um momento importante de consolidação dos membros do Neabi e de reflexão. A leitura das duas obras apresentadas pelos professores, assim como a participação do James, foi reveladora sobre seu papel de resistência em um país que acolhe, mas também oprime.”

Compromisso com a conscientização
Essas ações reforçam o papel do IFPR em promover reflexões e diálogos sobre a luta contra o racismo e a valorização da cultura afro-brasileira e haitiana, alinhando-se a compromissos nacionais e internacionais, como o Tratado de Durban, assinado pelo Brasil em 2001.

Texto: Ivan Lucas Borghezan Faust