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Pesquisas no Pantanal Mato-Grossense têm a participação de docente do IFPR

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O Pantanal, no estado do Mato Grosso, atrai muitos pesquisadores que estudam ou aplicam projetos relacionados à natureza e ao ecossistema. Nesse sentido, o professor Renato Guerreiro, do Campus Assis Chateaubriand, tem participado desde 2014 de pesquisas de campo no local. Os resultados estão em fase final de conclusão.

A ideia de participar dessas pesquisas surgiu com o intuito de desvendar parte do enigma que envolve a paisagem da região, a qual apresenta mais de 10.000 lagoas, sendo 1.500 delas com águas salinas. O trabalho desenvolvido busca saber sua origem e quando teria acontecido o processo de salinização. Conforme o professor Renato, essas lagoas têm um importante papel no ciclo do carbono, e os resultados obtidos mostram que elas têm forte ligação com as variações climáticas ocorridas na América do Sul nos últimos 3 mil anos.

O local intriga a comunidade científica há décadas, sendo assim um esforço multidisciplinar e multi-institucional tem sido empenhado no sentido de se entender a origem da paisagem, que abriga uma das maiores biodiversidades do país. A região ainda tem muito a oferecer em termos de pesquisa: “Tivemos grandes avanços nas pesquisas com as lagoas salinas do Pantanal nos últimos anos, mas ainda há muito trabalho pela frente”, afirma Renato.

O processo de coleta do material necessário para a pesquisa é feito com muito cuidado, sendo preciso muitas vezes ficar várias horas dentro da água, pois se deposita no fundo das lagoas. “Essas lagoas têm um ambiente bastante extremo, com pH acima de 9, altas temperaturas (30° a 40°) e presença de cianobactérias e jacarés”, diz Guerreiro.

Para realizar as pesquisas de campo, o professor passou por diversas situações inusitadas. “As áreas de estudo são todas inóspitas e de difícil acesso, muitas vezes muito distantes das cidades mais próximas”, comenta. Além da distância, a região concentra uma das maiores populações de onça-pintada do Pantanal: “Já levei alguns sustos por conta da presença de onças. Em uma ocasião, tive que abandonar às pressas uma área de coleta, pois escutei um rugido”, pontua.

“Na primeira vez que fui ao Pantanal para conhecer o ambiente, entrei tranquilo na água, pois, na teoria, elas não têm jacaré. Mas a prática mostrou o contrário!”, comenta Renato. “As lagoas são bem rasas e dificilmente ultrapassam 1 metro de profundidade, mas o fundo é bastante lamoso e é difícil de se locomover, dificultando qualquer tentativa de fuga”, finaliza.

Apesar dessas amostras de perigos e dificuldades, o docente e pesquisador do IFPR está muito empolgado para continuar a pesquisa, pois considera haver grandes descobertas a serem feitas no local, considerado uma das últimas áreas naturais ainda selvagens no mundo.

Todo esse trabalho, no qual Guerreiro está envolvido, está presente em um capítulo do livro Dynamics of the Pantanal Wetland in South America, da editora Springer, que traz importantes contribuições sobre a geografia, geologia, geomorfologia, clima, biologia, entre outras áreas de estudo dessa paisagem conhecida como “Pantanal da Nhecolândia”, referindo-se à sub-região do Pantanal.



Fotos: Eder Merino, Hudson Azevedo, Maurício Santos]]>